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ADMINISTRAÇÃO
Em nota, governo diz ter detectado possíveis falhas em dados de balanço e afirma que auditoria validará correções
Prefeitura admite "inconsistência" na dívida
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo admitiu ontem, em nota oficial, ter detectado "possíveis inconsistências" na consolidação da dívida
ativa da cidade e informou que
contratará uma auditoria para o
caso. Pela nota, caberá à auditoria
"acompanhar e aferir o trabalho
de revisão em curso, para que ele
seja validado e se possa proceder
às correções das distorções eventualmente constatadas no sistema
de contabilização da dívida ativa".
A medida é anunciada quatro
dias após a Folha ter informado
que a dívida ativa da capital -soma do que o governo municipal
tem a receber por multas, taxas e
impostos atrasados- foi inflada
pela administração petista em pelo menos R$ 10,495 bilhões ao
longo dos dois últimos anos, com
o uso de um índice inadequado
na atualização dos valores.
Os cálculos que indicam a diferença foram feitos pela Folha a
partir de indicações de falhas que
partiram de técnicos do Tribunal
de Contas do Município (TCM).
Nas palavras dos auditores, o
inchaço produziu resultados "fictícios". Eles se referem ao fato de o
aumento dos créditos a receber
ter inflado artificialmente o patrimônio municipal, o que fez os balanços anuais da administração
petista indicarem, erroneamente,
que a prefeitura tem mais bens do
que dívidas e obrigações.
Em 2003, pelos números do balanço, se a prefeitura vendesse tudo o que tem pagaria todas as suas
dívidas com folga, pois ainda sobrariam R$ 7,67 bilhões. Mas, de
fato, faltariam R$ 2,824 bilhões.
Durante toda a semana passada,
o governo se recusou a esclarecer
o caso. A Folha insistiu na segunda-feira, e a Secretaria de Comunicação e Informação Social divulgou um comunicado oficial,
sem responder a perguntas.
Nele, porém, o governo não admitia nenhum problema em seus
balanços, reafirmando que suas
prestações de contas foram aprovadas pelo TCM e escrevendo
apenas que, "no caso específico
da dívida ativa, já havia sido instaurado um procedimento administrativo para apurar os questionamentos levantados pelo TCM".
Não eram mencionadas inconsistências nem eventuais correções.
A Folha insistiu na terça, encaminhando ao governo as perguntas por ofício -o que garante ao
jornal condições de ir à Justiça para obter os dados, caso não sejam
fornecidos nos prazos legais.
A admissão das "possíveis inconsistências no quadro contábil
da dívida ativa" e o anúncio da
contratação da auditoria foram as
respostas fornecidas ao jornal.
"O expediente instaurado pela
administração é essencial para a
correção do quadro contábil, porque o expurgo dos valores incorretos só pode ser feito por meio de
um processo extremamente criterioso, uma vez que as alterações
de informações contábeis devem
ser acompanhadas por robusta
documentação que assegure a legitimidade das informações nelas
contidas", diz a nota.
O texto é assinado pela Prodam
(Companhia de Processamento
de Dados do Município) e pelas
secretarias das Finanças e dos Negócios Jurídicos, que, segundo a
nota, cederão funcionários a uma
comissão que acompanhará os
trabalhos. O governo não informou, porém, a data de publicação
da designação dos servidores nem
formato e prazo de contratação
da prometida auditoria.
A Folha aguarda ainda acesso
ao procedimento que a administração diz ter instaurado sobre o
caso desde 2002 e à memória de
cálculos da atualização da dívida
desde 2001, além de explicações
para a repetição da falha em 2003,
já que ela já havia sido detectada.
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