São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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ACIDENTE

Pelo menos uma pessoa morreu quando aeronave, a serviço da Petrobras, tentou fazer pouso de emergência no mar

Queda de helicóptero deixa 5 desaparecidos

MÁRIO HUGO MONKEN
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um helicóptero a serviço da Petrobras caiu ontem na bacia de Campos (litoral norte do Estado do Rio), com nove passageiros e dois tripulantes. Seis deles foram resgatados vivos do mar, mas um morreu. Cinco desapareceram e possivelmente estão mortos, pois não teriam conseguido deixar o aparelho, que afundou.
Os destroços estão a 370 m de profundidade, a cerca de 190 km de Macaé (a 190 km do Rio). O acidente ocorreu às 8h20. O helicóptero -modelo Sikorski S-76A, da empresa paulista BHS-Brazilian Helicopter Services- decolara do farol de São Tomé, no litoral de Campos (a 280 km do Rio), às 7h15, rumo à plataforma P-31, no campo de exploração petrolífera de Albacora.
O aparelho fez escala no navio-plataforma FSPO Brasil, no campo de Roncador. O acidente ocorreu depois da decolagem.
Sobreviventes contaram que o vôo transcorria normalmente quando o helicóptero passou a perder altura. Por rádio, o piloto Adriano Godinho Bastos disse que tinha problemas e que tentaria pousar na água. A seguir, o rotor da cauda (equipamento responsável pela estabilização) explodiu. O veículo caiu no mar de uma altura de cerca de 20 m.
Segundo sobreviventes, o piloto ainda abriu a porta de emergência, mas o helicóptero afundou com rapidez. O piloto, o co-piloto José Ismael Júnior e os passageiros Luciana de Oliveira Silva, Augusto César Peixoto Gomes, Anderson Andrade da Silva e Carlos Augusto Rodrigues conseguiram pular. Os demais afundaram.
Segundo nota da Petrobras, as equipes de salvamento entraram em ação após o acidente. As vítimas ficaram no mar por cerca de 40 minutos até serem resgatadas. Os desaparecidos estão sendo procurados por mergulhadores.
Os sobreviventes foram levados para o hospital, em Macaé, onde Carlos Augusto Rodrigues -mecânico da empresa Siemens, que presta serviços à Petrobras- morreu. À noite, o piloto e o co-piloto foram transferidos para o Hospital Copa D'Or, no Rio.
A causa do acidente não é conhecida. Uma comissão do DAC (Departamento de Aviação Civil) iniciou ontem a investigação, que deve ser concluída em até 90 dias.
Dos 11 ocupantes do aparelho, só Augusto César Peixoto Gomes é funcionário da Petrobras. Os demais trabalhavam para firmas contratadas pela empresa.
Em nota, a BHS disse que não havia problema com o helicóptero, cuja documentação foi entregue "às autoridades competentes". Nenhum diretor da BHS quis falar com a Folha.
O diretor da seção Norte Fluminense do Sindicato dos Petroleiros do Rio, Valter Oliveira, afirmou que, embora esteja aumentando o número de vôos na bacia de Campos, as normas de segurança não vêm sendo respeitadas.
A Petrobras contrata quatro empresas para transportar passageiros entre as 40 plataformas da bacia. Para o diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Orlando Rodrigues, "há empresas que não fazem a manutenção dos helicópteros. Há pilotos que não reclamam porque têm medo de ir para o olho da rua".


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