TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um laudo elaborado pela Vigilância Sanitária Estadual do Rio confirmou que houve infiltração de esgoto na maternidade municipal Leila Diniz, em Jacarepaguá (zona oeste), onde três recém-nascidos morreram por contaminação pela bactéria Klebsiella pneumonae no início de maio. Na ocasião, outros cinco bebês foram contaminados, mas sobreviveram. O documento não relaciona essa infiltração com as mortes.
O laudo conclui que a situação da unidade é "insatisfatória" e de risco "elevado". Relata problemas na central de esterilização, como a falta de "barreira física entre a área limpa e a área suja", fazendo com que os funcionários passem pela área limpa para acessar a área suja. A bactéria Klebsiella pneumonae é transmitida pelo contato físico ou pelo esgoto.
Segundo o laudo, as "inundações ocorrem com a entrada de água e esgoto através dos ralos, atingindo toda a maternidade, com maior comprometimento das salas de admissão, centro obstétrico, salas de parto, unidade neonatal, banco de leite e parte das enfermarias".
A maternidade fica abaixo do nível da rua. Aos fundos da instituição fica a favela Dois Irmãos. O relatório afirma que o nível do assentamento e a localização da maternidade "colocam em condições extremamente desfavoráveis com relação a alagamentos e vulneráveis a possíveis contaminações decorrentes do contato com águas pluviais misturadas com esgoto da comunidade, que é lançado na rede de águas pluviais do hospital". Segundo o relatório, a diretoria disse que ocorreu uma inundação em abril, pouco antes de os bebês serem contaminados.
Em nota oficial, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou ontem que o sistema de esgoto foi limpo nos últimos 15 dias, e os problemas estruturais serão resolvidos "com a construção de nova maternidade em terreno adequado".
A secretaria não se pronunciou sobre a inundação de esgoto. À época das mortes, ela negou a hipótese de a inundação ter sido a causa das contaminações.


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