DA SUCURSAL DO RIO

A milícia que atua no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio, tinha como objetivo a "médio e longo prazo" eleger representantes para a Câmara dos Deputados e para o Senado, disse o delegado Marcus Neves, responsável pelo caso.
Segundo ele, os integrantes do grupo limitam a presença de candidatos a vereador nas áreas sob seu domínio. Apenas pessoas com apoio dos chefes podem divulgar seu trabalho.
"Os moradores também são obrigados a votar em candidatos da milícia", disse Neves.
Uma das candidatas da milícia é, segundo a polícia, Carmen Guimarães (PT do B), ou Carminha Batgirl.
Ela é filha do vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB), o Jerominho, suspeito de ser um dos chefes da milícia. Ela nega envolvimento.
O deputado estadual Natalino Guimarães (DEM) foi eleito com 49 mil votos concentrados na zona oeste da cidade.
Ele foi expulso da Polícia Civil, onde já atuou como inspetor, há duas semanas. O deputado também sofre processo de expulsão do DEM.
Segundo a polícia, o grupo de Natalino arrecada R$ 2 milhões mensais vendendo segurança e explorando a venda de gás e transporte alternativo.
O grupo conta com uma revendedora clandestina de gás que atua, segundo a polícia, em 34 favelas. A milícia atende inclusive favelas sob domínio do tráfico de drogas, como a Rocinha (zona sul). Segundo a polícia, o grupo arrecadou R$ 984 mil em um mês com a atividade só na Rocinha.
A "Liga da Justiça" -nome inspirado em um desenho animado- foi criada entre os anos 1999 e 2000. Segundo as investigações da polícia, o grupo é dividido em três níveis e seria chefiado por dois políticos presos: Natalino e Jerominho. No segundo escalão estão executores de extorsões e homicídios.
O terceiro nível cuida dos "serviços": segurança, venda de gás e transporte. Dos 42 nomes identificados pela polícia como integrantes da milícia, "70% são policiais ou ex-policiais militares ou civis", afirmou o delegado Marcus Neves. (IN)


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