São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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Ação na cracolândia prende 5
e atende 41

Operação na região do centro de SP, iniciada ontem, será permanente e prevê tratamento psiquiátrico para usuários de drogas

Apesar das intervenções pontuais anteriores, houve poucos avanços desde que a área virou prioridade de Serra e Kassab, há 4 anos

Ayrton Vignola/Folha Imagem
Polícia Militar retira usuários de drogas de um hotel, na cracolândia, na região central

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo estadual e a Prefeitura de São Paulo deflagraram ontem mais uma operação na cracolândia para "solucionar problemas estruturais".
Desta vez, as autoridades dizem que o trabalho será permanente. A promessa é manter cerca de 70 policiais militares 24 horas por dia na região, além de um grupo de 120 agentes de saúde, das 9h às 22h, com objetivo de encaminhar dependentes químicos para tratamento.
Ontem, os agentes fizeram 41 atendimentos. Cinco pessoas foram internadas por problemas de saúde. Nove seguiram para centros de atendimento a viciados, 24 para postos de saúde e dois para tratamento de Aids. Uma criança foi levada para um centro de assistência.
Na cracolândia, região degradada do centro de São Paulo, o consumo do crack acontece à luz do dia, em cada esquina.
Foram feitas cinco prisões, três de acusados de tráfico. Um dos presos tinha 60 cápsulas de cocaína no estômago e uma passagem comprada para Frankfurt, na Alemanha. Outro vendia pedras de crack na rua com um carrinho de sorvete.
A operação será expandida para as imediações, incluindo outras regiões do centro. Ela prevê, pela primeira vez, tratamento psiquiátrico para moradores de rua e viciados, incluindo internações por até 30 dias.
A ação também prevê o pagamento de passagem de ônibus para moradores de rua oriundos de outros Estados que quiserem voltar para casa.
Recuperar a área é promessa tanto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) quanto do governador José Serra (PSDB). Apesar de seguidas operações pontuais, houve poucos avanços desde que a área se transformou em prioridade dos dois políticos, há mais de quatro anos.
Rebatizada pela gestão municipal de Nova Luz, a cracolândia amanheceu ontem ocupada por policiais militares e civis.
Com a ajuda da PM, funcionários da prefeitura lacraram 20 pensões -muito usadas para consumo de crack- por falta de segurança e higiene.
"Identificamos possíveis locais de migração. Vamos atuar para aumentar a proteção", disse o coronel Marcos Chaves, que comanda a PM no centro, referindo-se a outros locais da região para os quais usuários de crack poderão ir após a operação na cracolândia, como as praças da Sé e Ramos. Ao todo, 22 órgãos do município e do Estado estão envolvidos. "É uma ação contínua, os resultados virão com o tempo", diz Chaves.
Há cerca de 11 mil moradores de rua cadastrados pela prefeitura. Desses, 80% ficam na região central, onde 25% deles são dependentes químicos.
"Continuamos a tentar. A solução envolve a participação da sociedade", disse o secretário municipal da Saúde, Januário Montone. Segundo ele, desde o início do ano a prefeitura mandou à região equipes de Saúde da Família especializadas em lidar com moradores de rua.
A partir de agora, além de encaminhar pessoas para postos de saúde ou centros de referência para viciados, os agentes poderão sugerir a internação. Ela poderá ser voluntária ou não, após orientação de um médico e com o acompanhamento do Ministério Público.


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