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Psicólogo vê ação com ceticismo
DA REPORTAGEM LOCAL
O psicólogo Walter Varanda, que acaba de concluir
doutorado na Faculdade de
Saúde Pública da USP sobre
moradores de rua e uso de
drogas em São Paulo, diz que
as ações já adotadas na cracolândia têm o efeito de somente levar essas pessoas
para fora da região central.
Segundo ele, mesmo as
atuais operações, que pretendem levar pessoas para
abrigos ou hospitais, podem
não dar resultado, porque
não combatem o principal,
que é dar condições para que
as pessoas se reintegrem.
"De que adianta pegar o
menino da rua e confinar numa sala? Tem que oferecer
alternativas. Os próprios tratamentos [de saúde] precisam ser revistos", disse ele.
Caso contrário, argumenta, será somente uma solução temporária e somente
para o centro. É que as operações policiais fazem com
que dezenas de usuários se
desloquem para periferias.
"É só a manutenção da
imagem de que é uma ação
eficiente. Aí, começamos a
falar de marketing político."
A própria rede de albergues, afirma Varanda, na
maioria das vezes, não ajuda.
"Limitam-se a abrigar, a dar
alimentos. Não se fala em requalificação profissional, de
geração de renda."
O psicólogo diz não aceitar
alegações de que não há solução para o problema.
"O que não pode é tratar
com visão catastrófica, de
que não existe solução. A visão é equivocada, centrada
no efeito da droga, mas a patologia é outra. O problema
do sujeito não é lembrado."
A população de rua de São
Paulo, segundo estima o psicólogo, alcança hoje cerca de
12 mil pessoas -menos de
mil são crianças e adolescentes envolvidos com o crack.
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