São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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Psicólogo vê ação com ceticismo

DA REPORTAGEM LOCAL

O psicólogo Walter Varanda, que acaba de concluir doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP sobre moradores de rua e uso de drogas em São Paulo, diz que as ações já adotadas na cracolândia têm o efeito de somente levar essas pessoas para fora da região central.
Segundo ele, mesmo as atuais operações, que pretendem levar pessoas para abrigos ou hospitais, podem não dar resultado, porque não combatem o principal, que é dar condições para que as pessoas se reintegrem.
"De que adianta pegar o menino da rua e confinar numa sala? Tem que oferecer alternativas. Os próprios tratamentos [de saúde] precisam ser revistos", disse ele.
Caso contrário, argumenta, será somente uma solução temporária e somente para o centro. É que as operações policiais fazem com que dezenas de usuários se desloquem para periferias.
"É só a manutenção da imagem de que é uma ação eficiente. Aí, começamos a falar de marketing político."
A própria rede de albergues, afirma Varanda, na maioria das vezes, não ajuda. "Limitam-se a abrigar, a dar alimentos. Não se fala em requalificação profissional, de geração de renda."
O psicólogo diz não aceitar alegações de que não há solução para o problema.
"O que não pode é tratar com visão catastrófica, de que não existe solução. A visão é equivocada, centrada no efeito da droga, mas a patologia é outra. O problema do sujeito não é lembrado."
A população de rua de São Paulo, segundo estima o psicólogo, alcança hoje cerca de 12 mil pessoas -menos de mil são crianças e adolescentes envolvidos com o crack.


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