Se teve algo que deu para perceber no "jogomício" Brasil x Paraguai, em Fortaleza, foi a possibilidade de Ciro Gomes botar a perder mais um dos legados que FHC pretende nos deixar. Digo mais um, pois o enfraquecimento das oligarquias nordestinas será a primeira herança a ser varrida, caso o candidato de ACM e de Sarney seja eleito. Ficou óbvio na encenação de quarta que, com Ciro presidente, seria também jogada às favas a faxina ocorrida no futebol brazuca, de que FHC tanto se orgulha.
O candidato do PPS deixou claro que apóia integralmente Ricardo Teixeira e que os métodos do dirigente e tudo o que ele representa não o incomodam. Ao contrário, Ciro Gomes fala abertamente e sem nenhum constrangimento sobre as qualidades e os méritos de Teixeira.
Com Ciro, ao que tudo indica, o esforço empreendido até agora pelo ministro do Esporte, Caio Carvalho, e pelo secretário José Luiz Portella para colocar em prática a medida provisória da moralização do futebol terá sido em vão.

Como Fernando Morais, homem lido e vivido, não percebeu antes que Quércia só queria submetê-lo à "humilhante figuração"? Vou saber quando o escritor faz anos e presenteá-lo no aniversário com uma cópia de "Dr. Faustus". Quem sabe a leitura não o previna de meter os pés pelas mãos no futuro?

Em conversas com especialistas para melhor entender o Plano Diretor que a prefeitura está tirando do forno, constatei que as normas propostas por dona Marta são bastante razoáveis. E ter um plano já é bem melhor do que não ter nenhum, não é, senhores Maluf e Pitta?
O que está preocupando é a lei que concede anistia às construções e às ocupações irregulares. O engenheiro e professor Luiz Célio Bottura me contou que tentou explicar a anistia a colegas canadenses. "Expliquei a eles mais de uma vez e ninguém entendeu. Lá não tem essa conversa. Se a construção está irregular, a prefeitura manda uma carta, depois outra e mais outra. Depois da terceira, se o sujeito não consertar o que está errado, vem um trator acompanhado da polícia e derruba tudo." Para Bottura, a anistia promove a conivência e a negligência. "É muito mais fácil pedir perdão do que permissão", diz ele.
Alô, dona Marta! Já que é para planejar o futuro, que tal promover uma nova ordem que nos deixe mais perto do Canadá e mais longe do caos atual?

QUALQUER NOTA

Broadway em Sampa
No último domingo fui arrastada ao teatro Abril para assistir a "A Bela e a Fera", achando que se tratava de um espetáculo destinado ao público infantil. Pois eu estava redondamente enganada. E, se você não quiser fazer papel de toupeira, como eu fiz, corra para comprar o seu ingresso. Ele dá direito a duas horas e 20 minutos de pura magia.

Perto da perfeição
O bistrô e patisserie Payard, que já foi elogiado neste espaço, agora merece ser louvado em ária. O bouillabaisse do novo chef, o francês Pascal Jolly, é de longe o melhor da cidade.

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