FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Polícia Militar encontrou ontem um aparelho de telefone instalado em uma cela, durante revista no presídio Aníbal Bruno, em Recife, o maior do Estado.
Segundo o comandante responsável pela ação no presídio, tenente-coronel Luiz Meira, um oficial testou o aparelho e constatou que ele funcionava "normalmente".
A Secretaria da Justiça do Estado, porém, nega a informação. Diz que o telefone, instalado pela direção do presídio, operava como ramal interno e que não havia possibilidade de alguém realizar ligações externas. Outro telefone fixo foi encontrado em uma cela vizinha, mas o aparelho estava desligado. "Devem tê-lo desativado quando notaram a nossa presença", disse Meira.
Durante a vistoria, foram recolhidos ainda dois telefones celulares, 50 facas e facões artesanais, quatro foices, um machado, além de 300 gramas de maconha e 30 papelotes da droga para venda.
A revista no presídio foi feita por 120 policiais do batalhão de choque da PM. O trabalho começou às 5h e terminou às 9h30.
O diretor do estabelecimento, major da PM Evandro Avelar, confirmou ter ordenado a instalação do telefone na cela, mas negou também que os presos pudessem fazer ligações externas.
Segundo ele, o aparelho interligava a cela à enfermaria e à portaria. Avelar alegou que sua intenção era garantir o atendimento dos presos no caso de problemas de saúde ou de segurança à noite.
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado informou que não vai punir o diretor e que os telefones nas celas serão substituídos por campainhas.
A Secretaria da Justiça informou que quatro aparelhos haviam sido instalados em celas do Aníbal Bruno, nos pavilhões mais distantes da enfermaria.
Três deles quebraram e não foram substituídos, afirmou. O outro estava no pavilhão D. Segundo a assessoria da secretaria, peritos confirmaram que o aparelho não permitia comunicação externa. A secretaria considerou "precipitada" a divulgação feita pela PM.
O comandante Meira reafirmou, ontem à noite, que o telefone encontrado no presídio fazia ligações externas.


Texto Anterior: Sem dinheiro, PF ameaça fechar cadeia
Próximo Texto: Barbara Gancia: Alô, dona Marta! Irregularidades não merecem anistia!
Índice