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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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SAÚDE

Funcionários alegam falta de medicamentos e pedem demissão; para diretor-geral, existe uma "trama" contra diretora

Instituto do câncer perde 5 diretores no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Cinco diretores do Inca (Instituto Nacional do Câncer), maior centro público de referência no tratamento e prevenção de câncer no Brasil, pediram ontem demissão de seus cargos. Eles reclamam da falta de medicamentos essenciais para o atendimento e da atual gestão da Diretoria Executiva de Administração, coordenada por Zélia Abdulmacih.
Os diretores são todos vinculados à Diretoria Executiva de Assistência, que coordena o Centro de Suporte Terapêutico Oncológico, o Centro de Transplante de Medula Óssea e mais três hospitais. O diretor-geral do Inca, Jamil Haddad, nega haver uma crise de desabastecimento séria no órgão.
Oficialmente, ontem ele confirmava apenas a demissão de dois dos cinco diretores (Daniel Tabak e José Humberto Simões Corrêa), mas disse ter tido informações de que Reinaldo Rondineli, Emanuel Torquato e Maurílio Martins já teriam manifestado a intenção de se demitir. Para Haddad, há uma "trama" no Inca contra a diretora de Administração.

"Trama"
Os demissionários negam ter "tramado" contra a diretora. "De repente, começamos a observar uma falta de insumos e de drogas essenciais, como anestésicos, soro fisiológico, gazes, fios de sutura, antibióticos e quimioterápicos. Estamos saindo porque detectamos uma ação que coloca em risco a vida da população e para garantir que haja um processo de revisão dessa ação", disse Daniel Tabak, que era diretor Centro de Transplante de Medula Óssea.
O diretor-geral do Inca nega que o desabastecimento coloque em risco a vida da população: "Há quatro dias, fui surpreendido com a informação de que houve um novo desabastecimento. Não tive o aviso de que isso estava acontecendo antes, mas, assim que soube, tomei todas as medidas necessárias e, até terça-feira, a situação estará normalizada. Houve uma pressão no sentido de demitir a diretora de Administração [Abdulmacih] que eu coloquei e que é de minha inteira confiança."
O Inca é um órgão federal, vinculado ao Ministério da Saúde. Haddad, que é do PSB, sofreu, ao assumir o cargo, oposição de um grupo ligado ao PT.
Os diretores demissionários, no entanto, não fazem parte desse movimento e alguns deles já ocupavam seus cargos em administrações anteriores.


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