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Caminhão invade casas e pára trânsito
Arrastando um carro, veículo atravessou uma praça e atingiu três imóveis, além de danificar outros cinco automóveis
Acidente ocorre em momento em que os projetos para organizar a circulação de caminhões em SP enfrentam obstáculos
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto seguem emperrados os principais projetos para
organizar a circulação urbana
de veículos pesados, São Paulo
teve ontem de madrugada mais
um acidente de grandes proporções envolvendo um caminhão na av. dos Bandeirantes.
Ele carregava 60 toneladas
de gesso e trafegava em direção
à marginal Pinheiros. À 1h20,
atingiu um carro que, na versão
do condutor do caminhão, teria
passado no semáforo vermelho, na altura da av. Santo Amaro. Desgovernados, os dois andaram por cem metros, atravessaram uma praça, invadiram três imóveis e ainda danificaram mais cinco veículos,
além de árvore e poste de luz.
O motorista da Zafira atingida pelo caminhão, um austríaco de 44 anos, fraturou quatro
costelas, teve seu braço direito
e seu osso da face quebrados,
mas não corria risco de morte.
Para os moradores, além dos
danos materiais e da interrupção da energia, permanecia à
tarde a sensação de susto. "Parecia que um míssil tinha caído
na casa", afirmou Ulisses Santiago, 40, arquiteto que via TV
na casa dos pais quando a carreta invadiu a garagem.
Para os motoristas, sobraram
os transtornos com os congestionamentos na manhã inteira
numa via que recebe 28 mil caminhões diariamente, que se
envolvem, na média, em um
acidente no local a cada dia.
Os veículos só foram removidos praticamente dez horas depois do acidente -a empresa
dona do caminhão teve de contratar um guindaste.
O gerente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
Paulo Milano diz que a empresa vai cobrar dos responsáveis
os custos que teve -disponibilização de mão-de-obra e sinalização- devido ao acidente.
Ele ocorreu no momento em
que os principais projetos para
organizar a circulação de caminhões em trechos urbanos
-em especial na av. dos Bandeirantes- ainda enfrentam
obstáculos para sair do papel.
Só em junho a CET socorreu
1.756 caminhões quebrados na
cidade. Houve 613 acidentes
neste ano com esses veículos.
Rodoanel
O principal dos projetos é a
alça sul do Rodoanel, com 61
km, para ligar a Régis Bittencourt ao ABC paulista, passando pela Anchieta e Imigrantes.
O contrato para a construção, que é prevista desde os
anos 90, foi firmado só em abril
de 2006, depois de um impasse
de cinco anos para a obtenção
da licença prévia ambiental.
Quatro meses após a assinatura contratual, porém, as
obras ainda não começaram -e
não têm previsão. O motivo é a
licença de instalação do empreendimento, cuja formalização ainda depende de um aval
do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A Dersa (empresa do Estado
responsável pela obra) diz ter
apresentado os documentos
necessários no começo de junho, esperando a liberação no
mês seguinte. O órgão federal
pediu mais informações sobre a
obra na última sexta e diz não
haver nenhum prazo ou previsão para terminar a análise.
O outro projeto sobre a circulação de veículos pesados envolve um corredor para caminhões à esquerda na av. dos
Bandeirantes, com a criação de
uma quinta faixa na via e a eliminação dos cruzamentos.
A prefeitura planejava começar a obra em 2005. Depois,
adiou para setembro deste ano.
Mas a meta está longe de ser
atingida. Muitos técnicos descartam a possibilidade de ela
ser concluída na gestão Gilberto Kassab (PFL), até 2008.
A obra está na fase de análise
ambiental -algo que, na melhor das hipóteses, deve demorar um mês. A responsabilidade
de contratar, em valor estimado de R$ 240 milhões, foi repassada à Dersa, que descarta a
possibilidade de fazer licitação
neste ano, devido ao período
eleitoral. Ou seja, ela só poderá
ser viabilizada a partir de 2007,
com previsão de dois anos.
Colaborou o "Agora"
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