São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

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Caminhão invade casas e pára trânsito

Arrastando um carro, veículo atravessou uma praça e atingiu três imóveis, além de danificar outros cinco automóveis

Acidente ocorre em momento em que os projetos para organizar a circulação de caminhões em SP enfrentam obstáculos


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto seguem emperrados os principais projetos para organizar a circulação urbana de veículos pesados, São Paulo teve ontem de madrugada mais um acidente de grandes proporções envolvendo um caminhão na av. dos Bandeirantes.
Ele carregava 60 toneladas de gesso e trafegava em direção à marginal Pinheiros. À 1h20, atingiu um carro que, na versão do condutor do caminhão, teria passado no semáforo vermelho, na altura da av. Santo Amaro. Desgovernados, os dois andaram por cem metros, atravessaram uma praça, invadiram três imóveis e ainda danificaram mais cinco veículos, além de árvore e poste de luz.
O motorista da Zafira atingida pelo caminhão, um austríaco de 44 anos, fraturou quatro costelas, teve seu braço direito e seu osso da face quebrados, mas não corria risco de morte.
Para os moradores, além dos danos materiais e da interrupção da energia, permanecia à tarde a sensação de susto. "Parecia que um míssil tinha caído na casa", afirmou Ulisses Santiago, 40, arquiteto que via TV na casa dos pais quando a carreta invadiu a garagem.
Para os motoristas, sobraram os transtornos com os congestionamentos na manhã inteira numa via que recebe 28 mil caminhões diariamente, que se envolvem, na média, em um acidente no local a cada dia.
Os veículos só foram removidos praticamente dez horas depois do acidente -a empresa dona do caminhão teve de contratar um guindaste.
O gerente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) Paulo Milano diz que a empresa vai cobrar dos responsáveis os custos que teve -disponibilização de mão-de-obra e sinalização- devido ao acidente.
Ele ocorreu no momento em que os principais projetos para organizar a circulação de caminhões em trechos urbanos -em especial na av. dos Bandeirantes- ainda enfrentam obstáculos para sair do papel.
Só em junho a CET socorreu 1.756 caminhões quebrados na cidade. Houve 613 acidentes neste ano com esses veículos.

Rodoanel
O principal dos projetos é a alça sul do Rodoanel, com 61 km, para ligar a Régis Bittencourt ao ABC paulista, passando pela Anchieta e Imigrantes.
O contrato para a construção, que é prevista desde os anos 90, foi firmado só em abril de 2006, depois de um impasse de cinco anos para a obtenção da licença prévia ambiental.
Quatro meses após a assinatura contratual, porém, as obras ainda não começaram -e não têm previsão. O motivo é a licença de instalação do empreendimento, cuja formalização ainda depende de um aval do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A Dersa (empresa do Estado responsável pela obra) diz ter apresentado os documentos necessários no começo de junho, esperando a liberação no mês seguinte. O órgão federal pediu mais informações sobre a obra na última sexta e diz não haver nenhum prazo ou previsão para terminar a análise.
O outro projeto sobre a circulação de veículos pesados envolve um corredor para caminhões à esquerda na av. dos Bandeirantes, com a criação de uma quinta faixa na via e a eliminação dos cruzamentos.
A prefeitura planejava começar a obra em 2005. Depois, adiou para setembro deste ano. Mas a meta está longe de ser atingida. Muitos técnicos descartam a possibilidade de ela ser concluída na gestão Gilberto Kassab (PFL), até 2008.
A obra está na fase de análise ambiental -algo que, na melhor das hipóteses, deve demorar um mês. A responsabilidade de contratar, em valor estimado de R$ 240 milhões, foi repassada à Dersa, que descarta a possibilidade de fazer licitação neste ano, devido ao período eleitoral. Ou seja, ela só poderá ser viabilizada a partir de 2007, com previsão de dois anos.


Colaborou o "Agora"


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