|
Próximo Texto | Índice
Tirar habilitação ficará mais caro e demorado em 2009
Contran aumentou o número de aulas obrigatórias para a obtenção da CNH
Aulas teóricas passam de 30 para 45 e práticas de 15 para 20; meta é melhorar formação do motorista, mas medida é criticada por especialistas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) decidiu aumentar a quantidade de aulas
obrigatórias para tirar a carteira de habilitação no Brasil.
A medida, que entra em vigor
a partir de 1º de janeiro de
2009, deve tornar mais cara e
demorada a obtenção da CNH.
Em São Paulo, pela estimativa do sindicato das auto-escolas, a tendência é encarecer em
mais de 20% os custos para os
futuros candidatos a motorista.
A mudança consta da resolução 285, publicada no "Diário
Oficial da União" de ontem.
No total, a quantidade mínima de aulas (cada uma com 50
minutos) vai aumentar 44%. A
principal elevação será nas teóricas, de 30 para 45. Já as práticas vão subir de 15 para 20.
A maioria dos especialistas
ouvidos pela Folha avalia que a
mudança decidida pela gestão
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é
positiva somente em teoria.
Na prática, dizem, ela não resolve e pode agravar as principais distorções do processo de
formação dos condutores, como a má qualidade dos cursos e
a comercialização de CNHs.
"É óbvio que, em teoria, é
boa. Mas de que adianta se os
cursos são uma piada e não há
nenhum controle? Pode aumentar até para 200 horas. Só
vai servir para a auto-escola ganhar mais dinheiro", diz Jaime
Waisman, especialista em
trânsito e professor da USP.
"Posso te garantir que não
houve lobby da nossa parte.
Num mundo ideal, seria maravilhoso. Mas nossa preocupação é que possa contribuir com
a comercialização de certificados", afirma Magnelson Carlos
de Souza, presidente da federação nacional das auto-escolas.
Ele mesmo ressalta que não
adianta ampliar a carga horária
se os Detrans não estão prontos hoje para fiscalizá-la.
O presidente do sindicato
das auto-escolas de São Paulo,
José Guedes Pereira, diz que,
na média, hoje gasta-se em torno de R$ 600 no Estado para tirar a habilitação. Ele prevê
uma elevação de R$ 45 com as
aulas teóricas e de R$ 20 para
cada aula prática adicional.
A principal justificativa do
governo é reforçar a formação
dos motoristas especialmente
em dois temas: a ingestão de
bebidas alcoólicas e os riscos
que envolvem as motocicletas,
cuja frota e quantidade de acidentes no país dispararam desde a última década.
A avaliação é de que inclusive
os motoristas de outros veículos precisam estar mais capacitados para lidar com a presença
das motos nas vias e estradas.
Na disciplina "legislação de
trânsito", as aulas mínimas saltarão de 12 para 18. Na de "direção defensiva", de 8 para 16, incluindo, por exemplo, ensinamentos sobre como evitar acidentes com veículos de duas
rodas e as conseqüências do
consumo de bebidas alcoólicas.
Com a nova resolução, as auto-escolas também poderão
dar aulas a motociclistas não só
em circuitos fechados, mas
também nas vias públicas.
Próximo Texto: Sem qualidade, não adianta ter mais aula, dizem especialistas Índice
|