São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Governo promete contrapartida com ampliação da área do porto

Estado diz que plano inclui projetos viários e sociais

DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de questionar somente os impactos negativos da ampliação do porto no litoral norte de São Paulo, é preciso analisar a importância estratégica do projeto para o Brasil e o planeta, defende o presidente da Companhia Docas de São Sebastião, Frederico Bussinger.
Homem de confiança do governador José Serra (PSDB), Bussinger afirma que o projeto está dentro da concepção mundial de alterar o sistema de transportes, com a adoção de formas mais eficientes e menos poluentes, como a marítima.
"A ampliação do transporte marítimo é um agente contra o aquecimento global. Discute-se o impacto local e regional, mas não os ganhos globais. E mesmo na região haverá ganhos."
Segundo ele, também há uma falsa divulgação de que São Sebastião atinja o nível de degradação a que chegou a zona portuária de Santos.
"São Sebastião jamais será do tamanho de Santos, como alguns dizem. E não tem isso de pilha de contêiner fechando a vista. Da ilha, mal dá para ver o porto de contêiner", diz.
Em relação à paisagem, diz ele, a ampliação do Tebar (terminal de petróleo da Petrobras) será muito mais nociva. "Quando duplicarem o Tebar, da Vila [o centro de Ilhabela] não vai dar para ver o centro de São Sebastião", diz.
Bussinger diz que a ampliação do porto será acompanhada de projetos viários importantes, como a duplicação da rodovia dos Tamoios e o anel viário entre Caraguatatuba e São Sebastião.
O turismo de cruzeiros, que hoje leva a Ilhabela mais visitantes do que os vindos pela balsa, será beneficiado com um terminal próprio.
Há, porém, uma questão para o governo: quando estiver concluída, a ampliação do porto vai criar cerca de 2.500 empregos em São Sebastião, o que agrava o fenômeno da migração e da falta de moradias.
Na avaliação do secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano, o governo deve "dar o exemplo" e mitigar os efeitos nocivos do projeto.
Por conta de pressões de ambientalistas, a companhia já alterou o projeto para reduzir ao máximo o aterro do mangue do Araçá. Agora, a estrutura ficará suspensa sobre o mangue.
As exigências, que vão constar do licenciamento ambiental, são estações de tratamento de esgoto, mais oferta de água, investimentos em saúde e segurança pública.
Uma das ideias, formulada pelo próprio governador Serra, é exigir como contrapartida a construção de vilas operárias para acolher os trabalhadores.
"Não dá para falar em aumentar o porto sem antes duplicar a rodovia dos Tamoios. É uma região muito especial, que não pode ser tão maltratada como já foi."
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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