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MASSACRE NO CENTRO
Dado se refere apenas a moradores agredidos com objetos contundentes e que morreram no local do crime
SP teve 24 sem-teto assassinados desde 2001
FERNANDA FERNANDES
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cada 30 dias, pelo menos um
morador de rua é vítima de agressão com paus, barras de ferro e
outros objetos contundentes na
cidade de São Paulo. Quase metade dos casos ocorre no centro da
capital paulista.
Segundo levantamento da assessoria especial de direitos humanos da Procuradoria Geral de
Justiça, 58 moradores de rua foram agredidos nos últimos três
anos -casos registrados a partir
de agosto de 2001. Dessas agressões, 25 ocorreram no centro da
cidade, 15 só nas proximidades da
praça da Sé.
Pelo menos 24 morreram no local do crime, segundo os boletins
de ocorrência. Na região central,
foram dez mortes, incluindo as
sete vítimas fatais de dois ataques
ocorridos nos dias 19 e 22 de agosto passado. Em 2003, a capital
paulista registrou 4.268 homicídios dolosos (com intenção).
O número total de óbitos de
moradores de rua, no entanto,
pode ser maior, pois o levantamento não inclui as vítimas que
podem ter morrido no hospital. A
pesquisa também não contabiliza
os moradores de rua feridos com
armas de fogo e objetos perfurantes, como facas.
A assessoria de direitos humanos usou o Infocrim (base informatizada de boletins de ocorrência) para fazer o levantamento. Os
registros iniciais, porém, não esclarecem se as agressões resultaram de conflitos entre os próprios
moradores de rua ou de ataques
de grupos, como os que ocorreram no mês passado.
"Vamos esclarecer melhor os
casos quando analisarmos os inquéritos policiais nas próximas
semanas. Mas esse levantamento,
que não traz dados desconhecidos da polícia, já mostra que as
agressões a moradores de rua não
são práticas tão raras como se
pensava", afirmou o promotor
Carlos Cardoso, assessor de direitos humanos da Procuradoria.
Dois policiais militares e um segurança clandestino tiveram a
prisão decretada na semana passada por suspeita de envolvimento nos dois últimos ataques. Até
agora, não há ligação entre esses
dois casos e as outras ocorrências
registradas na capital.
"Só com a análise dos inquéritos
veremos se há uma possível ligação entre os ataques, se os autores
foram identificados pela polícia e
denunciados", disse Cardoso.
Ontem, policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) ouviram um dos
policiais militares supostamente
envolvido nos ataques de agosto.
O inquérito policial está sob sigilo. Hoje deve ser ouvido o outro
policial militar. O segurança clandestino depôs ontem e negou envolvimento nos ataques.
O DHPP ainda espera que a
Corregedoria da Polícia Militar
informe os números telefônicos
dos dois PMs para que seja solicitada a quebra de sigilo à Justiça.
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