São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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VIDAS SECAS

Hospitais do Estado registraram 1.819 casos relacionados a problemas respiratórios do início de agosto até agora

Fumaça aumenta nš de internações no Acre

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O número de internações por problemas respiratórios nos hospitais do Acre do início de agosto até agora é de 1.819. Esse número é mais do que a metade das internações registradas nos sete primeiros meses deste ano (3.207).
Cruzeiro do Sul é a mais atingida. Foram 532 internações de janeiro a julho. Nos últimos 45 dias, 717 pessoas foram internadas.
Para a Secretaria de Saúde do Acre, a causa do aumento das internações é a fumaça proveniente de queimadas na região amazônica que se concentra no Estado.
A situação é agravada pela seca que vem dificultando o controle do fogo e reduziu significativamente a umidade relativa do ar. O Acre, localizado na região amazônica, tem em geral umidade relativa do ar próxima dos 90%. Hoje, está entre 30% e 50%.
"Há um aumento enorme também nas consultas ambulatoriais. Só em Rio Branco nos últimos 45 dias foram 7.309 atendimentos por problemas respiratórios. Um aumento de 100% em relação ao período de janeiro a julho", disse a secretária de Saúde, Suely Melo.
"Já percebemos um aumento nos casos de infecção aguda de pulmão", disse o médico Marco Aurélio Nunes Pereira, diretor-geral do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco.
Segundo ele, a média de internações diárias por problemas respiratórios subiu de 6 para 11 nos últimos dias -o que representa um terço das internações.
Ontem, a fumaça dissipou um pouco em relação aos dois dias anteriores. E os focos de incêndio no Estado diminuíram.
Segundo o secretário interino de Meio Ambiente do Acre, Fernando Ferreira Lima, o vento noroeste ajudou a tirar de cima do Estado a fumaça que vem principalmente de incêndios em Mato Grosso e Rondônia.
O combate ao fogo foi intensificado ontem. Segundo Anselmo Forneck, gerente do Ibama no Acre, dobrou o número de pessoas deslocadas para o controle dos incêndios. Equipamentos como abafadores, bombas costais (mochilas com água para apagar o fogo), luvas, botas e máscaras foram enviados em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira).
A maior causa dos incêndios são as queimadas provocadas por pequenos agricultores, que, por causa da seca, não conseguem controlar o fogo. A floresta, normalmente úmida, também está seca. E o fogo se alastra.
Na quarta-feira, o governador Jorge Viana (PT) decretou estado de emergência em 12 municípios atingidos. Algumas prefeituras começaram a contabilizar os prejuízos. O fogo destruiu pastagens, criações e plantações, além de casas, currais e cercas que precisam ser reconstruídos.
Em Acrelândia, os prejuízos podem chegar a R$ 22 milhões.


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