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15 pessoas são mortas em chacina no Paraná
Crime ocorreu em Guaíra, na fronteira com o Paraguai; principal suspeita é uma disputa entre quadrilhas de traficantes
Duas adolescentes e um rapaz
estavam entre as vítimas;
polícia descarta ligação de
paraguaios na chacina, a
maior da história do Estado
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Quinze pessoas foram assassinadas, entre elas duas adolescentes e um rapaz, e outras oito
ficaram feridas ontem à tarde
após uma quadrilha invadir
uma casa no município de
Guaíra (479 km de Curitiba), na
fronteira com o Paraguai.
A principal suspeita é que as
mortes tenham sido causadas
por conta de uma disputa entre
quadrilhas brasileiras de traficantes de drogas, cigarros e
produtos eletrônicos que
atuam na região.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, é a
maior chacina da história do
Estado. Uma das hipóteses é
que o crime tenha sido cometido a mando do líder de um grupo de traficantes que cercou a
casa do chefe do bando rival,
conhecido por Polaco, que mora nas margens do rio Paraná.
A polícia investiga se as mortes estão ligadas a dívidas contraídas pelo bando de Polaco e a
um acerto de contas após o assassinato de um integrante da
quadrilha suspeita da chacina.
Mais de 200 policiais federais, civis, militares e rodoviários foram mobilizados. Um helicóptero do governo do Paraná
também sobrevoou a região de
Guaíra, no oeste do Estado.
A polícia paraguaia foi chamada para colaborar na investigação, pois muitos grupos
cruzam o rio Paraná para trazer
maconha, cocaína e produtos
contrabandeados daquele país
e escoados por Guaíra.
Os depoimentos para reconstituir a chacina foram colhidos
dos feridos, socorridos em hospitais locais, e de moradores.
De acordo com o delegado
Luiz Alberto Cartacho, alguns
dos feridos disseram que se fingiram de mortos para escapar.
Em entrevista coletiva, em Curitiba, todo o comando do setor
da segurança pública do Estado
negou haver envolvimento de
criminosos paraguaios.
As primeiras informações levantadas pela polícia são de que
um grupo de pelo menos cinco
pessoas chegou de barco por
volta das 14h de ontem e se dirigiu à casa de Polaco.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, os atiradores acharam Polaco e outras duas pessoas na casa. Polaco, que tinha
passagem pela polícia por tráfico, teve de chamar os demais
integrantes do bando por celular para uma reunião fictícia.
Na medida em que chegavam, os integrantes da quadrilha eram rendidos e colocados
de joelhos em fileira. Delazari
afirmou que o homem que comandou a chacina perguntava a
todo momento: "Quem é que
vai pagar a minha dívida?".
Sem obter resposta, o homem deu ordem para que a matança começasse. Foram achados no local cartuchos de escopeta, de pistola e de revólver.
"Diante da diversidade de calibres, temos a certeza de que os
atiradores não eram menos do
que cinco", disse Delazari.
Os assassinos fugiram de
barco pelo rio Paraná -eles podem ter se escondido no Paraguai. Três veículos com placas
de Uberlândia (MG), Brasília
(DF) e Osvaldo Cruz (SP) foram achados abandonados.
Entre os mortos, diz o delegado Erico Saconatto, da Polícia Federal em Guaíra, estavam
duas adolescentes, aparentando ter 14 a 16 anos, e um rapaz
aparentando 17 anos.
Os corpos estavam espalhados. Sete pessoas foram mortas
em um galpão. Outros três foram localizados dentro da casa
de Polaco. Três foram assassinados do lado de fora e os dois
últimos perto de um pequeno
porto às margens do rio Paraná.
Em março de 2003, nove pessoas foram mortas em uma
chacina na cidade de Colombo.
Colaborou JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha,
em Foz do Iguaçu
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