São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Região de chacina virou rota de contrabando

Alternativa foi adotada depois que fiscalização foi intensificada na Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai)

A delegacia da PF em Guaíra toca mais de 800 inquéritos que envolvem contrabando e tráfico de armas e drogas nos últimos três anos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA E FOZ DO IGUAÇU

A região de Guaíra, na fronteira noroeste do Paraná com o Paraguai, é a nova rota adotada por contrabandistas e traficantes de drogas e armas. O movimento é constatado depois que a fiscalização foi intensificada na chamada Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai, na região de Foz do Iguaçu (640 km de Curitiba).
A nova rota dos criminosos foi adotada há mais de dois anos, desde que a aduana brasileira na ponte da Amizade, que liga Foz e Ciudad del Este, passou a fiscalizar 100% dos produtos que deixam o Paraguai.
"Os criminosos estão transferindo aquele comércio ilegal para Guaíra por causa do aperto na ponte da Amizade", diz o secretário da Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari.
Entre setembro e agosto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez duas apreensões de armas em Guaíra que seguiriam para o Rio. No dia 7 deste mês, dois homens foram presos com 14 pistolas e uma metralhadora, compradas no Paraguai. Em agosto, a PRF interceptou um carregamento de uma tonelada de maconha e quatro metralhadoras, que também iriam para o Rio.
Na semana passada, policiais federais da delegacia de Guaíra apreenderam duas carretas com 40 mil pacotes de cigarros contrabandeados do Paraguai.
Em abril deste ano, uma operação da Secretaria da Segurança e da Polícia Federal desarticulou uma quadrilha de 47 pessoas envolvidas no contrabando de cigarros -44 eram policiais (35 militares e nove civis).
A delegacia da PF em Guaíra toca mais de 800 inquéritos relacionados a casos de contrabando e tráfico de armas e drogas nos últimos três anos.
Devido ao intenso comércio ilegal de cigarros, a Justiça Federal em Umuarama (580 km de Curitiba) tem aberto inquéritos para apurar redes de corrupção que contam com a cobertura de policiais e políticos de municípios da região.

Umuarama
No último dia 19, a casa de um juiz federal de Umuarama (580 km de Curitiba) foi alvo de tiros. Ao menos dez disparos atingiram a casa do diretor do fórum da Justiça Federal do município, Luiz Carlos Canalli.
Em fevereiro, houve outro atentado contra outro juiz federal de Umuarama. Naquele mês, o carro do juiz Jail Benites Azambuja foi atingido por tiros. Azambuja não se feriu.
Apesar de a PF não ter visto ligação nos dois casos, a Folha apurou que os dois atentados têm relação com o cerco ao tráfico de drogas e ao contrabando na região. (DV e JM)


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