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Polícia alerta para queda de eficácia da lei seca
Número de mortes nos 3 primeiros meses da medida caiu 8% nas estradas federais, menos que os 13,6% dos 2 primeiros meses
Para a PRF, municípios precisam reforçar fiscalização; índice de mortes só continuará em queda se vigilância não afrouxar, diz especialista
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Rodoviária Federal
admitiu ontem a possibilidade
de a lei seca estar perdendo
efeito nas estradas federais. O
número de acidentes com mortes caiu 8% nos três primeiros
meses após a medida, índice inferior à queda nos dois primeiros meses, que foi de 13,6%. Para a PRF, os municípios precisam reforçar a fiscalização.
Levantamento divulgado ontem comparou o período de 20
de junho (quando a lei entrou
em vigor) a 20 de setembro deste ano com o mesmo período de
2007. Durante os três meses
deste ano, a PRF registrou 1.351
acidentes com mortes contra
1.469 do ano passado.
Também houve redução de
6% no número de vítimas. Em
2007, 1.808 morreram nas rodovias federais no período considerado. Nos três meses deste
ano, o número de mortes passou para 1.697.
Apesar de os dados mostrarem que menos brasileiros foram vítimas do trânsito, o levantamento aponta um aumento no número geral de acidentes, que leva em conta as
ocorrências com feridos e sem
vítimas também. A Polícia Rodoviária Federal registrou quase 33,5 mil acidentes nos três
meses deste ano contra 30,8
mil nos do ano passado -aumento de 8,6%.
A Folha pediu à PRF os índices, separadamente, em cada
um dos três meses considerados no levantamento para que
fosse feita uma comparação
entre os períodos. A Polícia Rodoviária Federal informou que
não poderia fornecê-los ontem.
Fatores
Segundo o inspetor Jerry
Adriane Dias, chefe de multas
da PRF, os dados apontam que
a fiscalização tem freado a violência nas rodovias.
"Embora não tenhamos queda no número de acidentes, há
redução na gravidade deles. A
prova é a diminuição de vítimas", avaliou.
Ele afirmou que pelo menos
dois fatores influenciaram no
crescimento do número geral
de acidentes. Dias disse que
houve um registro maior de
ocorrências neste ano por conta do aumento da fiscalização
nas estradas.
"O segundo fator é a frota de
veículos, que continua a crescer
muitíssimo."
O engenheiro Jaime Waisman, especialista em trânsito e
professor da Escola Politécnica
da USP (Universidade de São
Paulo), afirma que o número de
mortes só irá se manter em
queda se a fiscalização não
afrouxar.
"A tendência é que, com o
passar do tempo, os motoristas
não cumpram as regras. Se não
houver fiscalização consistente
e blitze, as pessoas vão transgredir a lei."
O índice de álcool no sangue
do motorista é aferido pelo teste do bafômetro ou por um exame de sangue. Pela lei, se for detectado o equivalente ao consumo de um copo de chope, o motorista leva multa de R$ 955,
mais sete pontos na carteira e
tem o direito de dirigir suspenso por um ano. Se for constatado o equivalente ao consumo
de dois chopes, é aplicada a
mesma punição, mais detenção
(a pena pode variar de seis meses a três anos).
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