São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Polícia alerta para queda de eficácia da lei seca

Número de mortes nos 3 primeiros meses da medida caiu 8% nas estradas federais, menos que os 13,6% dos 2 primeiros meses

Para a PRF, municípios precisam reforçar fiscalização; índice de mortes só continuará em queda se vigilância não afrouxar, diz especialista

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Rodoviária Federal admitiu ontem a possibilidade de a lei seca estar perdendo efeito nas estradas federais. O número de acidentes com mortes caiu 8% nos três primeiros meses após a medida, índice inferior à queda nos dois primeiros meses, que foi de 13,6%. Para a PRF, os municípios precisam reforçar a fiscalização.
Levantamento divulgado ontem comparou o período de 20 de junho (quando a lei entrou em vigor) a 20 de setembro deste ano com o mesmo período de 2007. Durante os três meses deste ano, a PRF registrou 1.351 acidentes com mortes contra 1.469 do ano passado.
Também houve redução de 6% no número de vítimas. Em 2007, 1.808 morreram nas rodovias federais no período considerado. Nos três meses deste ano, o número de mortes passou para 1.697.
Apesar de os dados mostrarem que menos brasileiros foram vítimas do trânsito, o levantamento aponta um aumento no número geral de acidentes, que leva em conta as ocorrências com feridos e sem vítimas também. A Polícia Rodoviária Federal registrou quase 33,5 mil acidentes nos três meses deste ano contra 30,8 mil nos do ano passado -aumento de 8,6%.
A Folha pediu à PRF os índices, separadamente, em cada um dos três meses considerados no levantamento para que fosse feita uma comparação entre os períodos. A Polícia Rodoviária Federal informou que não poderia fornecê-los ontem.

Fatores
Segundo o inspetor Jerry Adriane Dias, chefe de multas da PRF, os dados apontam que a fiscalização tem freado a violência nas rodovias.
"Embora não tenhamos queda no número de acidentes, há redução na gravidade deles. A prova é a diminuição de vítimas", avaliou.
Ele afirmou que pelo menos dois fatores influenciaram no crescimento do número geral de acidentes. Dias disse que houve um registro maior de ocorrências neste ano por conta do aumento da fiscalização nas estradas.
"O segundo fator é a frota de veículos, que continua a crescer muitíssimo."
O engenheiro Jaime Waisman, especialista em trânsito e professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), afirma que o número de mortes só irá se manter em queda se a fiscalização não afrouxar.
"A tendência é que, com o passar do tempo, os motoristas não cumpram as regras. Se não houver fiscalização consistente e blitze, as pessoas vão transgredir a lei."
O índice de álcool no sangue do motorista é aferido pelo teste do bafômetro ou por um exame de sangue. Pela lei, se for detectado o equivalente ao consumo de um copo de chope, o motorista leva multa de R$ 955, mais sete pontos na carteira e tem o direito de dirigir suspenso por um ano. Se for constatado o equivalente ao consumo de dois chopes, é aplicada a mesma punição, mais detenção (a pena pode variar de seis meses a três anos).


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