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Filho de desembargador e PM trocam acusações de agressão
Bate-boca em bar no Itaim Bibi por conta de nota fiscal terminou na delegacia
Juiz afirma que filho foi agredido e nega que ele tenha usado seu nome ou desacatado a policial; procurada, PM não comenta
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os espelhos e a mesa Luis 15,
os tetos retráteis e as palmeiras
imperiais do Pennélope Bar
Beats & Boutique -"point" do
"público selecionadíssimo" no
Itaim Bibi (zona oeste de SP),
dizem os guias de baladas- foram o cenário, anteontem, de
uma confusão que começou
com um bate-boca por causa da
nota fiscal e terminou com chutes no joelho de uma policial
militar e gás de pimenta no rosto de um estudante de direito,
filho de um desembargador.
Cada cena tem mais de uma
versão. Felipe Caballero da Rocha, 19, acusa a polícia de tê-lo
espancado no bar e no caminho
até a delegacia; já a policial militar o acusa de agressão.
Segundo informações do termo circunstanciado de ocorrência (TCO), dadas pela Polícia Civil, Felipe teria agredido a
policial que ele próprio chamara após divergência com a administração do bar (por causa
de uma nota fiscal). Ele alegava
"incompatibilidade" entre o
cardápio e o valor da comanda e
queria o recibo. A máquina para emissão estava quebrada.
Com a chegada da PM, a nota
foi fornecida (todos concordam
nesse ponto). Mas Felipe a rasgou. A conta, afirma, teria dado
R$ 175 -e ele, gasto R$ 150. "O
gerente me disse que eu e meu
amigo éramos "playboys" e que
R$ 15 a mais não fariam falta",
disse. Foi quando houve um bate-boca e, diz o TCO, Felipe deu
"dois chutes no joelho da policial". Ela, então, lançou gás de
pimenta sobre Felipe, que foi
algemado e levado para o 15º
Distrito Policial, no Itaim.
Era por volta de meia-noite.
"E não durou mais que 15 minutos", diz o administrador do
bar, Thiago Alencar, que acusa
Felipe de tentar usar a influência do pai, o desembargador do
Tribunal de Justiça de São Paulo, Wellington Maia da Rocha.
"Ele disse: meu pai é desembargador, você não vai querer ter
problemas." Ele diz ainda que
não houve qualquer incompatibilidade de valores. "É que isso,
às vezes, acontece: por ter um
pai com cargo, eles fazem isso."
"Indícios de abuso"
Felipe e o amigo foram levados pelos policiais militares ao
15º DP, onde prestaram depoimento. Um TCO foi assinado
pela delegada de plantão, Daniela de Oliveira, com as naturezas: desacato, lesão corporal
e abuso de autoridade -e então
encaminhado ao Juizado Especial Criminal.
"Foram mais de sete horas"
entre o registro da ocorrência e
a liberação do termo. "Nesse ínterim, saímos várias vezes", diz
Rocha, o pai: para ir ao hospital
e ao IML. "Eu acredito que há
indícios disso [abuso de força
policial por parte da PM]. Ele
estava com vários hematomas
nas costas e nas pernas. Cheguei lá e vi sinais de algemas
apertadas, de spray de pimenta,
o rosto dele todo vermelho",
diz, indignado. "Por isso, acredito que no trajeto da casa à delegacia houve arbitrariedades."
Procurada pela Folha desde
as 17h, a Polícia Militar não se
manifestou sobre as acusações
ou sobre o TCO.
Rocha negou que o filho tenha usado seu nome ou desacatado a policial. "Ele é estudante
de direito, sabe muito bem que
se praticar qualquer tipo de ilícito penal não conseguirá ser
nem advogado", diz. Rocha diz
que a intenção do filho é ser advogado público e seguir a carreira de procurador federal.
"Então, ele sabe muito bem
que não pode fazer isso".
Colaborou o "Agora"
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