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ANÁLISE
Enem se tornou o maior "vestibular" do Brasil
MATEUS PRADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Enem passou a ser o
maior "vestibular" do Brasil.
E isso acontece mesmo com a
enorme quantidade de erros
e confusões ocorridas depois
que o MEC anunciou o exame
como seleção para vagas em
universidades públicas.
As cerca de 92 mil vagas
oferecidas só com a nota do
Enem representam dez vezes
o que dispõe anualmente a
USP, que tem o maior vestibular do país. Isso contando
só as vagas do final do ano.
Se somarmos o Sisu [seleção integrada de vagas em
universidades públicas] no
meio do ano e as bolsas distribuídas pelo ProUni, o número é ainda maior.
Não é muito difícil entender os motivos de termos o
dobro de vagas em relação ao
ano passado. O governo federal abriu novas universidades neste ano e o Reuni, programa do MEC, criou mecanismos que fizeram com que
as universidades antigas
abrissem mais vagas, todas
em cidades distantes de seu
campus central.
Além disso, a direção de
várias federais está ligada ao
ministério. Soma-se a tudo o
voto de confiança que elas
estão dando ao MEC.
Quais são as consequências disso? A mais importante é colocar na pauta a questão da universidade pública.
Todo ano, na época da seleção de alunos, temas como
o número de vagas, o sistema
de cotas e a qualidade do ensino estarão em discussão na
imprensa e na sociedade.
Para completar, o MEC
passa a ter em suas mãos ferramentas para direcionar as
políticas públicas de acesso
ao ensino superior público e
de reforma do ensino médio.
MATEUS PRADO cursou sociologia e
políticas públicas na USP. É presidente
nacional do Instituto Henfil, autor de livros
didáticos e presta assessoria pedagógica
sobre Enem para escolas particulares
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