São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Enem se tornou o maior "vestibular" do Brasil

MATEUS PRADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Enem passou a ser o maior "vestibular" do Brasil. E isso acontece mesmo com a enorme quantidade de erros e confusões ocorridas depois que o MEC anunciou o exame como seleção para vagas em universidades públicas.
As cerca de 92 mil vagas oferecidas só com a nota do Enem representam dez vezes o que dispõe anualmente a USP, que tem o maior vestibular do país. Isso contando só as vagas do final do ano.
Se somarmos o Sisu [seleção integrada de vagas em universidades públicas] no meio do ano e as bolsas distribuídas pelo ProUni, o número é ainda maior.
Não é muito difícil entender os motivos de termos o dobro de vagas em relação ao ano passado. O governo federal abriu novas universidades neste ano e o Reuni, programa do MEC, criou mecanismos que fizeram com que as universidades antigas abrissem mais vagas, todas em cidades distantes de seu campus central.
Além disso, a direção de várias federais está ligada ao ministério. Soma-se a tudo o voto de confiança que elas estão dando ao MEC.
Quais são as consequências disso? A mais importante é colocar na pauta a questão da universidade pública. Todo ano, na época da seleção de alunos, temas como o número de vagas, o sistema de cotas e a qualidade do ensino estarão em discussão na imprensa e na sociedade.
Para completar, o MEC passa a ter em suas mãos ferramentas para direcionar as políticas públicas de acesso ao ensino superior público e de reforma do ensino médio.


MATEUS PRADO cursou sociologia e políticas públicas na USP. É presidente nacional do Instituto Henfil, autor de livros didáticos e presta assessoria pedagógica sobre Enem para escolas particulares


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