São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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CRIME ORGANIZADO

Thomaz, 19, visitava a namorada na Vila Mariana; secretário não descarta atentado

Seguranças de filho de Alckmin são baleados na rua; um morre

Alexandre Schneider/Folha Imagem
Thomaz Alckmin, filho mais novo do governador Geraldo Alckmin


DA REPORTAGEM LOCAL

Dois policiais que faziam a segurança de Thomaz Alckmin, 19, filho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foram baleados ontem à noite. Um deles morreu.
O crime aconteceu por volta das 21h, na rua França Pinto, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), em frente à residência da namorada de Thomaz, Fabíola, 23.
Diógenes Barbosa Paiva, 38, e Adoniran Francisco dos Santos Júnior, 29, estavam em um Vectra azul parado quando foram alvejados. Paiva levou dois tiros e morreu no Hospital São Paulo, para onde foi levado. Santos foi atingido na coluna cervical e estava internado em estado grave até o fechamento desta edição.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Saulo de Abreu Castro Filho, o filho do governador estava no prédio da namorada no momento do ataque e desceu para tentar ajudar os seguranças. Um vizinho foi quem chamou a polícia.
O secretário disse que uma única pessoa deu os tiros, ao se aproximar do carro pelo lado da calçada, mas outras pessoas podem ter participado do ataque. Ele disse ainda que as vítimas não chegaram a reagir aos tiros.
Para Castro Filho, o fato de as vítimas trabalharem na segurança do filho do governador "pode indicar uma infeliz coincidência ou pode indicar um movimento diferenciado".
Questionado sobre o possível envolvimento do crime organizado, o secretário afirmou que não descartava "nenhuma hipótese".

Governador
Alckmin foi entrevistado ontem à noite no programa Roda Viva, da TV Cultura. Assessores do governador souberam do ataque antes do início do programa, mas decidiram não comentar nada com ele e com os jornalistas presentes no estúdio. Assim que o programa terminou, Alckmin foi informado de que um segurança havia morrido e de que o filho estava bem. Ao sair, disse que pretendia visitar a família do segurança morto.
Assessores do governador fizeram especulações sobre o possível envolvimento do PCC (Primeiro Comando da Capital). Também afirmaram que poderia ter sido apenas "uma fatalidade".

Testemunha
Uma pessoa que mora perto do local dos tiros, que preferiu não se identificar, disse ter ouvido cinco disparos. Ao sair, viu o Vectra com os vidros estilhaçados, duas pessoas feridas e dois jovens que, na rua, gritavam por ajuda.
Um dos feridos estava com o rosto caído no volante do carro, e o outro estava no banco de trás, segundo o relato do morador.
Ao ser socorrido por policiais, um dos seguranças disse que o atirador estava em um Peugeot prata.
Após os tiros, a rua logo ficou cheia de policiais e de curiosos. O Vectra onde estavam os seguranças foi recolhido pela polícia.
O ataque ocorreu um dia depois que a polícia frustrou um suposto plano do PCC de atentado à Bolsa de Valores de São Paulo. A facção criminosa, segundo a polícia, pretendia explodir uma bomba na Bolsa. Um carro com 30 kg de explosivos foi encontrado anteontem na rodovia Anhanguera.
O atentado teria sido planejado por José Márcio Felício, o Geleião, líder do PCC que está preso em Presidente Bernardes (SP), e por sua mulher, Petronilha Felício, detida no último domingo.


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