São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Assessores não avisaram governador

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Isolado nos estúdios da TV Cultura, o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, participou do "Roda Viva" de ontem, entre 22h e 23h30, sem saber do crime, ocorrido por volta das 21h.
Alckmin chegou à emissora às 21h45. Estava acompanhado de pelo menos dois seguranças. Seus assessores mais próximos já sabiam do ocorrido, mas decidiram não avisá-lo. Os demais acompanhantes do governador também não foram informados.
A entrevista começou às 22h. Cinco minutos depois chegou uma informação, não-oficial, sobre o acontecido, por meio dos seguranças do próprio governador. Eles foram buscar confirmação com os repórteres presentes.
Em uma sala próxima àquela onde se realizava a entrevista, o candidato a vice, Cláudio Lembo (PFL), e o senador Romeu Tuma (PFL) receberam telefonemas após o início da entrevista. Eles não tinham acesso ao estúdio.
Imediatamente os dois informaram o restante do grupo de políticos que acompanhava o governador. Uma rápida discussão teve início sobre a necessidade ou não de relatar o ocorrido a Alckmin.
Prevaleceu a tese de que não seria conveniente. Um dos motivos alegados era que o governador poderia suspender a entrevista, preocupado com o filho.
"Seria desagradável para todo mundo. Além disso, o caso nos parece não estar relacionado ao tema da entrevista. Quando ficamos sabendo que o filho do governador estava bem, achamos melhor não avisá-lo", disse João Carlos Meirelles, coordenador da campanha de Alckmin.
A cada intervalo do programa, a movimentação era intensa. Um dos temores era que o governador fosse questionado por algum telespectador, uma vez que o programa era transmitido ao vivo, com possibilidade de envio de perguntas. Assessores da emissora chegaram a se reunir com a direção do programa para saber qual procedimento seria adotado caso isso acontecesse.
Conforme o tempo passava, o número de repórteres e assessores na emissora aumentava. O clima ficava tenso a cada nova pergunta sobre o tema violência, que dominou boa parte da entrevista.


Texto Anterior: Filho caçula do governador quer ser delegado
Próximo Texto: Urbanidade - Gilberto Dimenstein: Aprendiz de urbanista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.