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SAÚDE
Laboratório nega ter mentido em propaganda
DA REPORTAGEM LOCAL
O laboratório farmacêutico Roche divulgou uma carta ontem em
que nega ter mentido no anúncio
do antiinflamatório naproxeno
sódico 275 mg publicado nos últimos dias em jornais e revistas.
A propaganda, veiculada na esteira da proibição de um concorrente do remédio, o Vioxx, da
Merck & Co. Inc. leva o título
"Existe uma alternativa confiável
contra as inflamações".
Segundo a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, que reiterou
ontem a informação de que a propaganda é mentirosa, o mais grave do anúncio é o fato de ele induzir ao uso indiscriminado do remédio, o que pode ser perigoso
para a saúde.
De acordo com o presidente da
Anvisa, Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, além de a agência poder multar a Roche em até
R$ 1,5 milhão, estuda agora obrigar o laboratório a publicar uma
correção do anúncio.
Também analisará se o remédio
deve ser mantido na categoria de
venda livre -sem receita médica
e com autorização para anunciar
em revistas, jornais e na televisão.
"É uma irregularidade grave."
Henriques explica que o Vioxx,
proibido por poder causar problemas de coração, em geral, era
prescrito para pessoas com distúrbios estomacais -drogas anteriores a ele, como o naproxeno
sódico, podem levar a sangramentos do estômago. Se essa pessoa ler o anúncio da Roche, pode
fazer a troca e assim correr o risco
de uma hemorragia, afirmou.
Carta da Roche
Na carta divulgada ontem, a Roche destaca que o anúncio não
menciona e não sugere que o naproxeno possa ser substituto de
qualquer outro fármaco, mas esclarece que tem mecanismo de
ação diferente de drogas da classe
do Vioxx.
"Também não se coloca como
medicamento seguro em termos
absolutos ou relativos, mas sim
menciona as diferenças quanto ao
risco cardiovascular (...). Tais informações foram apresentadas
em publicações recentes por revistas médicas indexadas e de alto
conceito (...)", continua a nota.
A Roche informou ainda que
sua propaganda "não afirma e
não sugere que o medicamento
não tenha riscos e sim menciona
que ele tem sua eficácia e tolerabilidade documentadas em inúmeras publicações ao longo de mais
de 30 anos".
A empresa terá um prazo para
se defender na agência, informou
o órgão de vigilância. Todos os
veículos de comunicação que divulgaram a propaganda também
poderão ser punidos.
(FABIANE LEITE)
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