São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Sé e República já estão abandonadas após reforma de R$ 7,2 mi

Reinauguradas no início do ano, praças sofrem com pichações, depredações, furtos, moradores de rua e canteiros malcuidados

Associação Viva o Centro cobra da prefeitura plano de gestão e policiamento; secretário diz que poderá contratar segurança privada

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Esculturas pichadas, luminárias e gradis furtados, moradores de rua dormindo num coreto e num relógio, canteiros e árvores servindo de varal, vegetação seca ou morta. Abandono.
Reinauguradas no início deste ano após reformas que começaram em maio de 2006 e custaram um total de R$ 7,2 milhões, as praças da Sé e da República, na região central de SP, assustam pela degradação.
As duas praças tiveram todas as esculturas restauradas durante as obras de revitalização. Porém, a obra de Amílcar de Castro ("Abertura") e a de Franz Weissmann ("Diálogo"), na Sé, estão pichadas. As luzes que deveriam iluminar esses monumentos foram furtadas.
Na República, problema semelhante ocorre com os bustos -o que homenageia o Dr. Luiz Lázaro Zamenhof, criador da língua Esperanto, está com olhos, nariz e gravata danificados e tem rabiscos. Além do vandalismo, há falta de manutenção. Muitos canteiros da Sé estão sem vegetação ou têm as plantas secas e mortas.
O esforço da administração municipal em evitar a presença dos moradores de rua -com a construção de canteiros alagados para impedir que eles tomassem banho na Sé e a colocação de bancos antimendigos na República- não teve resultado.
Na Sé, até dentro de um grande relógio preto eles moram, de frente para a base da Guarda Civil Metropolitana. Também dormem embaixo de bancos. A reforma custou R$ 4,1 milhões.
Na República, cuja obra custou R$ 3,1 milhões, os moradores de rua escolheram viver no coreto -que ainda está com a pintura bonita.

"Banheiro"
Um dos maiores incômodos para quem circula pelas praças é o fato de elas serem usadas como banheiro. Na opinião do publicitário Silas Eduardo Inke, 62, as praças deveriam ter maior policiamento. "Eu evito passar aqui quando escurece."
Os namorados Karina Barros, 19, e Renato Martins, 20, operadores de telemarketing, consideram a Sé perigosa. "A praça ficou bonita com a reforma, mas está descuidada, com muita pichação, vegetação morta. Tinha que ter mais gente cuidando, policiais ou seguranças particulares", diz ela.
Para o microempresário Paulo Lewsing, não houve grande mudança com a revitalização da República. "Acho que a segurança inclusive está pior. Vejo muitos rapazes usando drogas, cola principalmente."
A ambulante Rosemeire Aparecida Bento concorda com a sensação de insegurança. "Continua perigoso. Esses dias fui atacada quando passava pelo meio da praça da República. Uns garotos encheram um saco plástico com água do lago e estouraram em cima de mim. Fiquei toda molhada", conta.
Francisco Zorzete -proprietário da Companhia de Restauro, que realizou a recuperação das esculturas nas praças- lamenta a situação. "É um absurdo, conseqüência da má educação da população."
Para o superintendente da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, os problemas confirmam as preocupações da entidade. "Não adianta reformar e não manter. Apresentar uma planta é fácil. Mas é preciso ter um plano de gestão e de policiamento. Quantos PMs e GCMs vão atuar? Quantos agentes da assistência social ficarão ali? É uma questão de zeladoria."


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