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Sé e República já estão abandonadas após reforma de R$ 7,2 mi
Reinauguradas no início do ano, praças sofrem com pichações, depredações, furtos, moradores de rua e canteiros malcuidados
Associação Viva o Centro cobra da prefeitura plano de gestão e policiamento; secretário diz que poderá contratar segurança privada
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Esculturas pichadas, luminárias e gradis furtados, moradores de rua dormindo num coreto e num relógio, canteiros e árvores servindo de varal, vegetação seca ou morta. Abandono.
Reinauguradas no início deste ano após reformas que começaram em maio de 2006 e
custaram um total de R$ 7,2
milhões, as praças da Sé e da
República, na região central de
SP, assustam pela degradação.
As duas praças tiveram todas
as esculturas restauradas durante as obras de revitalização.
Porém, a obra de Amílcar de
Castro ("Abertura") e a de
Franz Weissmann ("Diálogo"),
na Sé, estão pichadas. As luzes
que deveriam iluminar esses
monumentos foram furtadas.
Na República, problema semelhante ocorre com os bustos
-o que homenageia o Dr. Luiz
Lázaro Zamenhof, criador da
língua Esperanto, está com
olhos, nariz e gravata danificados e tem rabiscos. Além do
vandalismo, há falta de manutenção. Muitos canteiros da Sé
estão sem vegetação ou têm as
plantas secas e mortas.
O esforço da administração
municipal em evitar a presença
dos moradores de rua -com a
construção de canteiros alagados para impedir que eles tomassem banho na Sé e a colocação de bancos antimendigos na
República- não teve resultado.
Na Sé, até dentro de um grande relógio preto eles moram, de
frente para a base da Guarda
Civil Metropolitana. Também
dormem embaixo de bancos. A
reforma custou R$ 4,1 milhões.
Na República, cuja obra custou R$ 3,1 milhões, os moradores de rua escolheram viver no
coreto -que ainda está com a
pintura bonita.
"Banheiro"
Um dos maiores incômodos
para quem circula pelas praças
é o fato de elas serem usadas
como banheiro. Na opinião do
publicitário Silas Eduardo Inke, 62, as praças deveriam ter
maior policiamento. "Eu evito
passar aqui quando escurece."
Os namorados Karina Barros, 19, e Renato Martins, 20,
operadores de telemarketing,
consideram a Sé perigosa. "A
praça ficou bonita com a reforma, mas está descuidada, com
muita pichação, vegetação
morta. Tinha que ter mais gente cuidando, policiais ou seguranças particulares", diz ela.
Para o microempresário
Paulo Lewsing, não houve
grande mudança com a revitalização da República. "Acho que
a segurança inclusive está pior.
Vejo muitos rapazes usando
drogas, cola principalmente."
A ambulante Rosemeire
Aparecida Bento concorda com
a sensação de insegurança.
"Continua perigoso. Esses dias
fui atacada quando passava pelo meio da praça da República.
Uns garotos encheram um saco
plástico com água do lago e estouraram em cima de mim. Fiquei toda molhada", conta.
Francisco Zorzete -proprietário da Companhia de Restauro, que realizou a recuperação
das esculturas nas praças- lamenta a situação. "É um absurdo, conseqüência da má educação da população."
Para o superintendente da
Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida,
os problemas confirmam as
preocupações da entidade.
"Não adianta reformar e não
manter. Apresentar uma planta
é fácil. Mas é preciso ter um
plano de gestão e de policiamento. Quantos PMs e GCMs
vão atuar? Quantos agentes da
assistência social ficarão ali? É
uma questão de zeladoria."
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