São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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7 morrem a cada 2 dias em confronto com polícia no Rio

Dados oficiais revelam aumento de 19% de janeiro a setembro sobre mesmo período de 2006

Número de prisões no Estado, no entanto, sofreu queda, passando de 13.109 até setembro de 2006, contra 10.215 em 2007

SERGIO TORRES
MARCELO BERABA
DA SUCURSAL DO RIO

De 1º de janeiro a 30 de setembro, a polícia do Rio matou ao menos 961 pessoas, média de sete mortos a cada dois dias. Foram mais 154 mortes (19%) em comparação com o mesmo período de 2006 -6 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Esses números são computados na estatística oficial da violência como auto de resistência, título da suposta reação do criminoso à abordagem.
Enquanto aumentou o número de pessoas mortas, diminuiu o de presas. Até 30 de setembro, a polícia prendeu 10.215 suspeitos, contra 13.109 no ano anterior em período igual -2.894 prisões a menos.
No Estado de São Paulo, por exemplo, de janeiro a agosto foi morta em autos de resistência, em média, pouco mais de uma pessoa por dia (1,12). Ou 0,68 morte por grupo de 100 mil habitantes no mesmo período.
O número dos autos de resistência no Rio é maior do que o que consta nas estatísticas divulgadas ontem pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), vinculado à Secretaria de Segurança. Os dados se referem apenas às Delegacias Legais (como são chamadas aquelas com dados totalmente informatizados), responsáveis por 67% das ocorrências do período.
O enfrentamento com traficantes é uma das características da gestão do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
A rotina dos enfrentamentos é a mesma adotada desde a década passada pelos diferentes governos estaduais. Só que agora, os números revelam, a violência é ainda maior, agravada com o emprego habitual de helicópteros com atiradores e veículos blindados, os Caveirões.

Inteligência policial
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse ontem que as operações policiais são resultado de investigações do serviço de inteligência policial. "Inteligência policial não significa que sejam operações sem dar tiro."
De acordo com ele, "a inteligência tem a necessidade, muitas vezes, de executar trabalho de campo".
Os dois principais casos neste ano são contabilizados como autos de resistência, embora haja acusações de execuções. Em junho, no complexo do Alemão (zona norte), foram mortos 19 supostos traficantes.
Na semana passada, confrontos entre policiais e traficantes na favela da Coréia, em Senador Camará (zona oeste), resultaram em 16 mortos: 1 menino de 4 anos, 1 policial civil e 14 supostos criminosos. A secretaria mantém a versão inicial de que matou dez suspeitos, todos durante tiroteios.


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