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análise
Política de confronto não é novidade
MARCELO BERABA
DA SUCURSAL DO RIO
Em 8 de maio de 1995, a
polícia do Rio invadiu a favela Nova Brasília, no complexo do Alemão, zona norte, e
matou 14 pessoas. Ao menos
uma não era bandido. Entre
os mortos, três foram atingidos por atiradores em dois
helicópteros da polícia. Foram apreendidos 1 kg de pasta de coca, 5 kg de cocaína, 2
kg de maconha e 15 armas.
O então governador Marcello Alencar (PSDB) definiu
a ação como um marco de
endurecimento do seu governo na repressão ao crime.
O delegado que comandou a
invasão, Mário Azevedo, disse que "pode ter havido excesso", mas que "numa operação como essa, não se pode exigir uma conduta britânica
dos policiais". E concluiu, de
acordo com o relato da Folha: "É a única maneira de
combater a criminalidade".
A maioria dos corpos tinha
perfurações no tórax e cabeça, e dois estavam com as
mãos amarradas. Não foi feita perícia no local das mortes
antes da remoção para o
IML.
A tática de enfrentamento
com mortes de bandidos, policiais e moradores não é,
portanto, nova na história
recente do Rio. Desde a primeira administração Brizola
(1983-86) que os governadores que o sucederam adotaram o discurso do confronto
(entenda-se invasão de favelas com risco para os moradores) para contrastar com o
que foi considerada uma política leniente, porque defendia o respeito aos direitos
dos favelados (entenda-se
proibir a invasão de casas
sem mandados judiciais).
Passados 12 anos da invasão da Nova Brasília, episódio escolhido ao acaso, as
operações no Alemão, em 27
de junho, e, agora, na favela
Coréia (zona oeste) mostram
que praticamente não houve
mudança na filosofia de trabalho da Secretaria de Segurança, apesar dos discursos
de todos os secretários enfatizarem o contrário.
Como a Folha informou,
nos dois confrontos deste
ano, tal como em 1995, a
maioria dos mortos levou tiros na cabeça, no tórax ou na
barriga. Nos três casos não
houve preservação do local
nem perícia antes da retirada dos corpos.
Em entrevista ontem, o secretário José Mariano Beltrame negou que a política
seja de enfrentamento. "É a
política da inteligência policial." Mas as explicações que
deu para justificar as mortes,
inclusive de policiais e moradores inocentes, é simplista:
"Os problemas acontecem
na execução dessas operações. (...) O problema é a resposta e a maneira como a polícia é recebida nesses locais onde ela vai cumprir sua
função".
O trabalho de inteligência
é feito exatamente para garantir o maior número de
prisões e apreensões de armas e drogas com o menor
número de vítimas nos três
lados. Embora possa ter
apoio em parte da população, não se comprovou até
agora a eficácia da política de
confronto. O Alemão estava
dominado pelo tráfico em
1995 e continua dominado
em 2007.
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