São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Nayara pode ter se confundido", diz coronel

Comandante do Batalhão de Choque da PM reafirma que a invasão do apartamento aconteceu após tiro de Lindemberg

Segundo o coronel, vizinhos afirmaram ter ouvido o disparo; depoimento da adolescente será analisado por técnicos e por peritos

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel da PM Eduardo José Félix, comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, afirmou ontem à noite, em entrevista coletiva, que a adolescente Nayara Silva "pode ter se confundido" ao dizer que não houve disparo antes da invasão dos policiais do Gate. Questionado se a garota havia mentido, o coronel Félix disse que não. "Ela estava como vítima no interior de uma crise.
É uma jovem de 15 anos que pode ter se confundido."
O coronel reafirmou que os policiais invadiram o apartamento em que Lindemberg mantinha Eloá e Nayara como reféns só após ouvir um tiro.
"Houve o tiro. Jamais poderei desconfiar das palavras dos meus policiais. O grupo é altamente confiável."
Para reforçar a versão dos policiais, que afirmam só ter invadido o local após um disparo, a Polícia Militar exibiu um vídeo de uma moradora identificada como Maria Aparecida Mariano da Costa. Ela vive em um bloco próximo e afirmou categoricamente ter ouvido um estampido momentos antes da explosão da porta.
Félix disse que três vizinhos do apartamento, que testemunharam a ação, afirmaram ter ouvido o disparo. O delegado seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos, afirmou o mesmo ontem.
Segundo Félix, o depoimento de Nayara será analisado por técnicos e peritos e apenas os laudos da perícia darão as respostas sobre a questão.
Ontem, o coronel Eliseu Leite de Moraes, que preside o IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar se os PMs falharam, afirmou que "não houve erro do Gate". Indagado se não era prematuro dizer que os policiais não erraram, antes mesmo da conclusão do inquérito, Moraes disse: "A investigação é para esclarecer. Vamos apurar se houve inconformidades ou não".
Além da Corregedoria da PM, o Ministério Público Militar apura a atuação do Gate. Caso haja irregularidades, os PMs que participaram da negociação e invadiram o apartamento poderão receber punições administrativas e até serem expulsos da corporação.

Colaborou KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local



Texto Anterior: Imagens de TV são usadas para investigar tiro
Próximo Texto: Em depoimento, capitão do Gate não cita disparo antes de invasão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.