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Nova marginal só desafoga trânsito até 2020
Mesmo com mais obras de apoio e a entrega do Rodoanel, congestionamentos estarão de volta em dez anos, aponta estudo
Nova pista na marginal Tietê, iniciada em junho, tem entrega prevista para março do ano que vem; custo total do projeto é de R$ 1,9 bilhão
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os congestionamentos na
marginal Tietê, que o governo
de São Paulo promete reduzir
com a entrega da nova pista em
março do ano que vem, voltarão a ser problema em 2020, segundo projeção encomenda pela própria Dersa, estatal responsável pela obra.
Nem a conclusão do Rodoanel nem a realização de obras
complementares, como a criação de vias de apoio nos bairros
próximos, ao norte e ao sul do
rio, conseguirão evitar o trânsito lento em alguns trechos.
O motorista que trafega no
sentido Lapa, por exemplo,
continuará parando, mesmo
com a nova pista da marginal,
entre as pontes das Bandeiras e
da Casa Verde, principalmente
durante os picos da manhã.
Se nenhuma obra complementar for feita, no prazo de
dez anos os índices de congestionamento serão os mesmos
registrados atualmente.
São Paulo conta com uma
frota superior a 6 milhões de
veículos. Ela não para de crescer: todos os dias, o município
ganha mais mil veículos.
A nova pista da marginal terá
23 km de extensão em cada lado. A obra começou em junho e,
segundo o governo, irá aumentar a velocidade média dos veículos em 35%, com a entrega da
nova pista em 2010. Custará
R$ 1,9 bilhão, valor suficiente
para construir 9 km de metrô.
As projeções de como estará
o trânsito em 2020 constam
dos estudos de impacto ambiental da Nova Marginal, aos
quais a Folha teve acesso. O
trabalho foi feito pela TTC Engenharia a pedido da Dersa.
Segundo o estudo, o índice
de ocupação por veículos das
pistas da marginal, a partir da
entrega das obras em março,
será menor que 80%. Tecnicamente, significa um bom nível
de conforto ao usuário. Acima
disso, o fluxo fica "instável"
(congestionado), segundo o
jargão dos especialistas.
Hoje, boa parte da marginal
tem um índice de ocupação por
veículos superior a 80% em horários de pico de trânsito.
Paulo Souza, diretor de engenharia da Dersa, diz não concordar com as projeções. "A
marginal sozinha não resolve
nada mesmo. É preciso que as
demais obras sejam feitas. Mas,
nesse caso, não haverá mais
congestionamentos na marginal, ao contrário do que dizem
as previsões", afirma.
Segundo ele, nos próximos
anos, medidas "legislativas"
também terão que ser tomadas
pela prefeitura para que o congestionamento na marginal
não volte. "Espero que depois
que o trecho sul do Rodoanel
fique pronto, a prefeitura amplie as restrições de tráfego de
caminhões nas marginais, pelo
menos nos horários de pico."
Apesar de discordar das projeções do trânsito daqui a dez
anos, Souza diz que, mesmo
que os congestionamentos voltem em 2020, a obra já terá valido a pena. "Dez anos de validade para uma obra é muito.
Madri, por exemplo, está no
seu quarto Rodoanel."
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