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PMs são suspeitos de roubar ladrões e deixar vítima na rua
Capitão e cabo são presos acusados de liberar assassinos de coordenador do AfroReggae
Policiais também ficaram com os pertences da vítima; a ação dos PMs no Rio foi registrada por câmeras de segurança de um banco
LIANA LEITE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
Dois policiais militares são
suspeitos de roubar dos ladrões
os pertences do coordenador
social do AfroReggae, Evandro
João da Silva, que acabara de
ser assaltado e baleado, e de se
omitir no socorro à vítima, que
acabou morrendo. O assalto
ocorreu na noite de domingo,
no centro do Rio.
A PM decretou ontem a prisão administrativa do capitão
Denis Leonard Nogueira Bizarro e do cabo Marcos de Oliveira
Salles, os policiais suspeitos.
Imagens de câmeras de segurança de um banco mostram
que os dois abordaram os assassinos de Silva logo após o crime,
pegaram os pertences dele e liberaram os criminosos.
A repercussão do caso levou
o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, a
pedir desculpas à população.
O coordenador-executivo do
grupo AfroReggae, José Júnior,
afirmou ontem ter tido acesso a
imagens que revelam o momento em que os PMs do 13º
BPM (praça Tiradentes) se
aproximam de Silva e se afastam em seguida, sem socorrê-lo. "Vi as imagens. A polícia volta, olha o corpo e vai embora."
De acordo com o delegado da
1ª DP (praça Mauá), José Luiz
Silva Duarte, o capitão Bizarro
negou em depoimento a omissão de socorro, dizendo que pediu ajuda médica para a vítima.
A reportagem não teve acesso ao depoimento do cabo Salles nem à sua defesa.
Segundo o coronel Mário
Sérgio Duarte, já foi instaurado
um Inquérito Policial Militar, e
o prazo para a decretação da
prisão preventiva dos policiais
é de 40 dias -no entanto, é possível que ela seja decretada antes do término das 72 horas de
detenção administrativa, que
acaba amanhã.
Desvio de conduta
Os policiais suspeitos estão
presos administrativamente
por desvio de conduta. "Assim
que a PM tomou conhecimento
do fato, os dois foram presos.
Vou pedir agilidade na apuração", disse o coronel.
O delegado afirmou que ainda não foi decidido se a Polícia
Civil vai instaurar inquérito
contra os PMs. "O caso está
sendo discutido com a 1ª Promotoria de Investigações Penais", afirmou.
A polícia tenta identificar os
criminosos que mataram Silva,
por meio das reproduções das
câmeras de segurança e do disque-denúncia. Os CDs com as
imagens foram enviados ao
Instituto de Criminalística
Carlos Éboli para que tentasse
melhorá-las e ampliá-las.
"Minutos depois que Evandro [Silva] leva um tiro, o carro
da PM se aproxima e faz a abordagem dos dois homens", disse
o delegado. Ele afirmou que,
nas imagens, o carro passa perto do corpo.
"Não tenho dados para afirmar que os dois viram o coordenador. Era noite e estava
chovendo", disse o delegado,
justificando a falta de nitidez
das imagens.
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