São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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THEREZA GRISÓLIA TANG
(1922-2009)


A primeira juíza do Brasil tinha orgulho de vestir a toga

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O último desejo de Thereza Tang foi atendido no domingo, em Florianópolis: ela foi enterrada de toga, tamanho o orgulho que sentia de sua profissão. Desde 1954, a gaúcha de São Luiz Gonzaga detinha o título de primeira mulher a se tornar juíza no Brasil.
Foi superando obstáculos e preconceitos que ela chegou lá. Até os pais, conservadores, não concordavam com a opção dela por entrar no mundo do direito. Por um tempo, o irmão chegou a pagar escondido seus estudos, conta a sobrinha Mônica, que hoje é juíza em SC por influência da tia.
Quando prestou concurso, ouviu baboseiras do tipo: "Você tem certeza de que quer ser juíza? Não prefere tentar uma carreira mais comum às mulheres, como a de professora?". Sugeriram-lhe até que ficasse em casa cuidando do lar.
Entrou tudo por um ouvido e saiu pelo outro. Thereza permaneceu na profissão até se aposentar compulsoriamente, aos 70 anos, fato que lamentou muito. Dependesse dela, continuava na labuta.
Foi desembargadora, corregedora-geral de Justiça e presidiu o TJ-SC. O amigo e desembargador aposentado Francisco Oliveira Filho lembra que ela, quando corregedora, levantou questões cruciais que levaram ao aprimoramento de leis, como a que garante melhores condições para mulheres presas.
Sofria de Parkinson. Viúva, morreu sábado, aos 87, devido a um câncer de pâncreas. A missa de sétimo dia será hoje, às 18h30, no colégio Catarinense, em Florianópolis. Deixa uma filha e três netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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