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THEREZA GRISÓLIA TANG
(1922-2009)
A primeira juíza do Brasil tinha orgulho de vestir a toga
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O último desejo de Thereza
Tang foi atendido no domingo, em Florianópolis: ela foi
enterrada de toga, tamanho o
orgulho que sentia de sua profissão. Desde 1954, a gaúcha
de São Luiz Gonzaga detinha
o título de primeira mulher a
se tornar juíza no Brasil.
Foi superando obstáculos e
preconceitos que ela chegou
lá. Até os pais, conservadores,
não concordavam com a opção dela por entrar no mundo
do direito. Por um tempo, o
irmão chegou a pagar escondido seus estudos, conta a sobrinha Mônica, que hoje é juíza em SC por influência da tia.
Quando prestou concurso,
ouviu baboseiras do tipo: "Você tem certeza de que quer ser
juíza? Não prefere tentar uma
carreira mais comum às mulheres, como a de professora?". Sugeriram-lhe até que ficasse em casa cuidando do lar.
Entrou tudo por um ouvido
e saiu pelo outro. Thereza
permaneceu na profissão até
se aposentar compulsoriamente, aos 70 anos, fato que
lamentou muito. Dependesse
dela, continuava na labuta.
Foi desembargadora, corregedora-geral de Justiça e
presidiu o TJ-SC. O amigo e
desembargador aposentado
Francisco Oliveira Filho lembra que ela, quando corregedora, levantou questões cruciais que levaram ao aprimoramento de leis, como a que
garante melhores condições
para mulheres presas.
Sofria de Parkinson. Viúva,
morreu sábado, aos 87, devido a um câncer de pâncreas. A
missa de sétimo dia será hoje,
às 18h30, no colégio Catarinense, em Florianópolis. Deixa uma filha e três netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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