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entrevista
Melhor discutir do que mascarar a realidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a professora Silvia
Colello, da Faculdade de
Educação da USP, a brincadeira sobre o tráfico surpreende pela "situação
caótica que vivemos".
Colello diz que a situação abre uma possibilidade interessante para que o
tráfico de drogas possa ser
discutido com as crianças.
"A pior coisa é tentar
coibir a brincadeira. Seria
uma tentativa inútil de
mascarar a realidade."
(FÁBIO TAKAHASHI)
FOLHA - Como a sra. avalia a
brincadeira das crianças?
SILVIA COLELLO - A brincadeira é uma das formas
através das quais as crianças abordam a realidade
que vivem.
Antes, as brincadeiras
eram de mocinhos e bandidos, principalmente por
causa dos filmes de bangue-bangue.
Por isso, não me surpreende que as crianças
brinquem hoje em dia com
o tráfico. O que surpreende é a situação caótica que
vivemos, com esse nível de
violência urbana, de tráfico.
FOLHA - O que a escola e os
pais devem fazer numa situação como essa?
COLELLO - A pior coisa é
tentar coibir. Seria uma
tentativa inútil de mascarar a realidade, porque não
é proibindo a brincadeira
que você acaba com o tráfico de drogas.
É uma oportunidade interessante para abordar o
problema. A escola não
pode desperdiçar isso.
FOLHA - Como abordar o assunto com as crianças?
COLELLO - Precisa explicar
a elas o que são as drogas,
por que o tráfico ficou tão
forte, quais os prejuízos de
se envolver com elas.
Crianças na faixa etária de
dez anos já entendem bem
tudo isso.
Mas a discussão não
pode aparecer simplesmente como uma questão
de certo e errado, como se
fosse uma lavagem cerebral. Isso não tem efeito. É
preciso explicar direito a
situação.
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