São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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entrevista

Melhor discutir do que mascarar a realidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a professora Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP, a brincadeira sobre o tráfico surpreende pela "situação caótica que vivemos".
Colello diz que a situação abre uma possibilidade interessante para que o tráfico de drogas possa ser discutido com as crianças.
"A pior coisa é tentar coibir a brincadeira. Seria uma tentativa inútil de mascarar a realidade." (FÁBIO TAKAHASHI)

 

FOLHA - Como a sra. avalia a brincadeira das crianças?
SILVIA COLELLO -
A brincadeira é uma das formas através das quais as crianças abordam a realidade que vivem.
Antes, as brincadeiras eram de mocinhos e bandidos, principalmente por causa dos filmes de bangue-bangue. Por isso, não me surpreende que as crianças brinquem hoje em dia com o tráfico. O que surpreende é a situação caótica que vivemos, com esse nível de violência urbana, de tráfico.

FOLHA - O que a escola e os pais devem fazer numa situação como essa?
COLELLO -
A pior coisa é tentar coibir. Seria uma tentativa inútil de mascarar a realidade, porque não é proibindo a brincadeira que você acaba com o tráfico de drogas. É uma oportunidade interessante para abordar o problema. A escola não pode desperdiçar isso.

FOLHA - Como abordar o assunto com as crianças?
COLELLO -
Precisa explicar a elas o que são as drogas, por que o tráfico ficou tão forte, quais os prejuízos de se envolver com elas. Crianças na faixa etária de dez anos já entendem bem tudo isso.
Mas a discussão não pode aparecer simplesmente como uma questão de certo e errado, como se fosse uma lavagem cerebral. Isso não tem efeito. É preciso explicar direito a situação.


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