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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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Clima de indignação domina ato

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria das camisetas brancas usadas pelos manifestantes trazia uma foto de Liana Friedenbach e Felipe Caffé e a frase "paz com Justiça". Espalhadas no meio de milhares de pessoas, no entanto, Antônios, Renatas, Cláudias, Marcelos, Gilbertos e tantos outros jovens assassinados estampavam camisetas de familiares que, imbuídos de seus dramas anônimos, reclamavam justiça.
O clima de indignação endureceu os protestos contra a violência. Além do pedido de redução da maioridade penal, muitos defenderam a prisão perpétua com trabalhos forçados e até a pena de morte. "Por que só 30 anos [de pena]?", questionou Leila Lagarta, 40, mãe de Ariel de Souza, morto aos 17 anos, a facadas, em Mongaguá, em 2000. "Já que tenho de visitar o meu filho no túmulo, queria que outra mãe tivesse de visitar o filho na cadeia durante 50 anos. Quero a diminuição da maioridade penal e a extensão da pena para crimes bárbaros como este."
À frente da passeata, os colegas de escola do casal, que ajudaram a organizar o ato, puxavam gritos, como "direitos humanos, onde estão vocês?" e "violência nunca mais, pela vida e pela paz", em meio a faixas com a frase "responsabilidade não tem idade".
Acompanhados dos pais, muitos disseram ter mudado após o assassinato de Liana e Felipe. "Agora, fico com um pé atrás de fazer certas coisas. Penso duas vezes antes de mentir", conta Sabrina Chebat, 16, acompanhada da mãe, Suzana Chebat, 41, que disse ser favorável à pena de morte. "Se houver plebiscito, serei a favor."
Luis Fernando Teixeira, 16, ponderou o discurso severo da maioria. "Temos de fazer alguma coisa, mas, se houver diminuição da maioridade penal, vão prender tudo o que é moleque de rua que rouba para comer", avaliou.



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