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Traficante revelou em ligação que usava 4 aviões no Paraguai
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, revelou num telefonema
que tem quatro aviões e duas
carretas no Paraguai que ele
empregava para as atividades
de tráfico de drogas.
A Polícia Federal já sabia que
Beira-Mar usava o Paraguai e a
Bolívia para trazer maconha e
cocaína ao Brasil, mas não tinha uma noção exata do porte
dos seus negócios naquele país.
A conversa sobre os quatro
aviões, gravada com autorização da Justiça, ocorreu em 28
de junho do ano passado.
O traficante tinha pelo menos mais um avião, que foi
apreendido durante a investigação e agora é usado pela polícia do Rio de Janeiro.
Negócio conjunto
O interlocutor de Beira-Mar
no telefonema, de acordo com
um relatório da Polícia Federal,
era um traficante paraguaio para o qual o brasileiro apresenta
a proposta de trabalharem em
conjunto.
À época desse telefonema,
Beira-Mar estava preso na custódia da Superintendência da
Polícia Federal em Brasília. Os
policiais sabiam que o traficante tinha um celular na cela em
Brasília -tanto que pediram
autorização à Justiça para monitorá-lo-, mas não sabem como o aparelho foi parar nas
mãos do traficante.
Beira-Mar ficou na PF em
Brasília entre 23 de março e 19
de julho do ano passado, quando foi transferido para a penitenciária federal de Catanduvas (PR), onde foi o primeiro
preso -recebeu o número 001.
Celular em Brasília
O traficante só falou ao celular nos 118 dias que ficou em
Brasília, segundo policiais que
participaram da investigação
que resultou na Operação Fênix. Nas duas penitenciárias federais por onde passou (Catanduvas e Campo Grande), ele
não teria tido acesso a telefone,
ainda de acordo com a polícia.
As gravações da conversa revelam a logística utilizada pelo
traficante para trazer drogas do
Paraguai para o Brasil. Numa ligação, ele defende que o grupo
tenha uma base no Paraná para
ganhar tempo na viagem.
A base paranaense teria ainda uma segunda vantagem, segundo a conversa: com ela, o
avião, de pequeno porte, evitaria o radar por voar baixo.
Durante o monitoramento
dos parceiros de Beira-Mar, a
PF descobriu que o plano de ter
uma base no Paraná foi concretizado. Um dos aviões do traficante usava uma pista em Foz
do Iguaçu (PR).
Desaparecido
As interceptações telefônicas
revelam que Beira-Mar não
perdoa quem tenta enganá-lo.
O advogado João José de Vasconcelos Kolling, que defendia
Beira-Mar, simplesmente desapareceu depois que o traficante relatou que ele desviava
dinheiro da quadrilha.
A PF não sabe se Kolling foi
assassinado ou se desapareceu
para não ser morto. A PF sabe,
porém, que o carro do advogado continuou a ser usado para o
tráfico. Kolling é acusado de
transmitir ordens que o traficante dava a partir da prisão e
de traficar também. Num telefonema, o advogado fala que o
carro já saiu de Foz do Iguaçu
com "a família e os sobrinhos"
-termos que designam drogas
e armas, na visão da PF.
Lavagem de dinheiro
Com a interceptação telefônica dos parceiros de Beira-Mar, a PF acredita que poderá
mapear com precisão os sócios
e as empresas a que o traficante
recorria para lavar o dinheiro
das drogas.
O decreto da prisão da mulher de Beira-Mar, da 2ª Vara
Federal de Curitiba, afirma que
há provas suficientes para processar o traficante por lavagem
de dinheiro.
A intenção da Justiça, da Polícia Federal e do Ministério
Público é seqüestrar os bens do
traficante para que esse processo torne-se exemplar no Brasil.
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