São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Traficante revelou em ligação que usava 4 aviões no Paraguai

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, revelou num telefonema que tem quatro aviões e duas carretas no Paraguai que ele empregava para as atividades de tráfico de drogas.
A Polícia Federal já sabia que Beira-Mar usava o Paraguai e a Bolívia para trazer maconha e cocaína ao Brasil, mas não tinha uma noção exata do porte dos seus negócios naquele país.
A conversa sobre os quatro aviões, gravada com autorização da Justiça, ocorreu em 28 de junho do ano passado.
O traficante tinha pelo menos mais um avião, que foi apreendido durante a investigação e agora é usado pela polícia do Rio de Janeiro.

Negócio conjunto
O interlocutor de Beira-Mar no telefonema, de acordo com um relatório da Polícia Federal, era um traficante paraguaio para o qual o brasileiro apresenta a proposta de trabalharem em conjunto.
À época desse telefonema, Beira-Mar estava preso na custódia da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Os policiais sabiam que o traficante tinha um celular na cela em Brasília -tanto que pediram autorização à Justiça para monitorá-lo-, mas não sabem como o aparelho foi parar nas mãos do traficante.
Beira-Mar ficou na PF em Brasília entre 23 de março e 19 de julho do ano passado, quando foi transferido para a penitenciária federal de Catanduvas (PR), onde foi o primeiro preso -recebeu o número 001.

Celular em Brasília
O traficante só falou ao celular nos 118 dias que ficou em Brasília, segundo policiais que participaram da investigação que resultou na Operação Fênix. Nas duas penitenciárias federais por onde passou (Catanduvas e Campo Grande), ele não teria tido acesso a telefone, ainda de acordo com a polícia.
As gravações da conversa revelam a logística utilizada pelo traficante para trazer drogas do Paraguai para o Brasil. Numa ligação, ele defende que o grupo tenha uma base no Paraná para ganhar tempo na viagem.
A base paranaense teria ainda uma segunda vantagem, segundo a conversa: com ela, o avião, de pequeno porte, evitaria o radar por voar baixo.
Durante o monitoramento dos parceiros de Beira-Mar, a PF descobriu que o plano de ter uma base no Paraná foi concretizado. Um dos aviões do traficante usava uma pista em Foz do Iguaçu (PR).

Desaparecido
As interceptações telefônicas revelam que Beira-Mar não perdoa quem tenta enganá-lo. O advogado João José de Vasconcelos Kolling, que defendia Beira-Mar, simplesmente desapareceu depois que o traficante relatou que ele desviava dinheiro da quadrilha.
A PF não sabe se Kolling foi assassinado ou se desapareceu para não ser morto. A PF sabe, porém, que o carro do advogado continuou a ser usado para o tráfico. Kolling é acusado de transmitir ordens que o traficante dava a partir da prisão e de traficar também. Num telefonema, o advogado fala que o carro já saiu de Foz do Iguaçu com "a família e os sobrinhos" -termos que designam drogas e armas, na visão da PF.

Lavagem de dinheiro
Com a interceptação telefônica dos parceiros de Beira-Mar, a PF acredita que poderá mapear com precisão os sócios e as empresas a que o traficante recorria para lavar o dinheiro das drogas.
O decreto da prisão da mulher de Beira-Mar, da 2ª Vara Federal de Curitiba, afirma que há provas suficientes para processar o traficante por lavagem de dinheiro.
A intenção da Justiça, da Polícia Federal e do Ministério Público é seqüestrar os bens do traficante para que esse processo torne-se exemplar no Brasil.


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