São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BARBARA GANCIA

Quem pariu Maluf que o embale

Paulo Salim Maluf não diz a verdade nem mesmo quando afirma manter domicílio fixo há 40 anos

AQUELE PAULISTA DE perfil conservador, que ajudou a eleger Paulo Salim Maluf (PP-SP) como o deputado mais votado do Estado, deve ter morrido de orgulho de si mesmo na última quarta-feira, quando a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados aprovou o parecer do ex-prefeito biônico que pede a adesão da Venezuela ao Mercosul.
Se alguém tinha alguma dúvida de que o ex-governador apontado pelo regime militar está mais interessado em salvar a própria pele do que em defender os interesses do país, a quarta-feira foi um bom dia para dirimir qualquer desconfiança.
Para quem sempre apreciou rubis e safiras do tamanho de ovos de codorna e períodos de descanso no Plaza Athénée de Paris ou no Plaza de Nova York, entremeados por escapadelas rumo a Montecarlo e Atlantic City para jogar cifras monumentais em cassinos, poderia parecer, no mínimo, uma incongruência defender a aliança do governo do PT com um país que promove os ideais de Fidel Castro pelo continente.
Mas não para o incansável Paulo Salim Maluf. Não para um político que não se acanhou em mudar de lado e adotar o lema do "inimigo", de que "os fins justificam os meios", a fim de atenuar seus problemas com a lei.
Se estou afirmando categoricamente que o governo do PT irá livrar a cara de Maluf em troca do apoio do deputado mais votado do Estado mais poderoso da União? Não, não estou. Mas será que perdi completamente o fio da meada ou andar de mãos dadas com o poder, neste nosso "paiseco", não trouxe sempre amplos benefícios a quem tem algum interesse a defender?
Que eu saiba, Paulo Salim Maluf tem interesses bastante substanciosos a defender. Tanto é que o escritório de advocacia que o representa em São Paulo cresceu de forma significativa desde que ele passou a se utilizar de seus serviços. E me poupe o senhor Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Maluf, de escrever hoje ao Painel do Leitor para bater na mesma tecla de sempre, de que seu único cliente não deve nada à Justiça. Maluf não diz a verdade nem mesmo quando afirma manter domicílio fixo há 40 anos. Que eu saiba, a casa original é a mesma, mas o que Maluf nunca revela é que comprou as casas à volta da sua e ampliou sua residência de forma considerável nos últimos 25 anos.
Também não me venha o orgulhosíssimo eleitor de Maluf dizer que o deputado não cedeu ao PT, que fez até questão de chamar o caudilho Chávez de cafajeste, palhaço e fanfarrão. Se ele o fez, foi para colocar água no angu criado em parceria com seus novos amigos da esquerda, para fazer crer que agiu de forma independente. Pois, agora, a única coisa que resta ao eleitor de Paulo Maluf é dar as boas-vindas à Venezuela de Hugo Chávez no Mercosul.
Quem pariu Mateus que o embale.

Alguém duvida?
Só pode ser filha, sobrinha ou neta de gente para lá de poderosa a garota desvairada de 16 anos que, depois de atropelar quatro pessoas no Guarujá, não atendeu à intimação para ir prestar esclarecimentos na delegacia.

Dunga dita moda
Mais bonito do que o joguinho da seleção contra o Uruguai, só mesmo a apertada calça estilo "mascando" que o técnico Dunga desfilou no gramado do Morumbi. Valha-me Deus!


barbara@uol.com.br

Texto Anterior: Traficante revelou em ligação que usava 4 aviões no Paraguai
Próximo Texto: Qualidade das praias
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.