São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Criminosos matam policial para soltar presos

Carro que transportava detentos, sem escolta, sofreu emboscada em Cubatão

Um dos cinco homens libertados é ligado à facção criminosa PCC; outro policial teve um infarto ao saber do ataque e também morreu

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUBATÃO

Um policial morreu e outro ficou ferido na noite de anteontem, em Cubatão (58 km de SP), após serem vítimas de uma emboscada no momento em que transportavam presos do Fórum de Guarujá para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Vicente. Outro policial teve um infarto ao saber da notícia e também morreu.
Cinco presos que haviam acabado de participar de audiências públicas voltavam em uma Blazer da Polícia Civil, com o carcereiro Nilson Oliveira, 35, e o investigador Marcelo Valença, 61. Entre os presos estava Luiz Eduardo Marcondes, 28, ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Não havia escolta.
Por volta das 19h30, quatro carros interceptaram o veículo no km 274 da rodovia Padre Manoel da Nóbrega. Houve troca de tiros, inclusive de fuzil, e os dois policiais foram baleados. Oliveira não resistiu.
Valença, que não corre risco de morrer, disse que de oito a dez homens participaram da ação. Os presos fugiram.
O delegado Waldomiro Bueno Filho afirmou que houve falha no transporte dos presos. "Quando há preso que representa periculosidade, a segurança é reforçada com três viaturas. Não foi repassado nada [à policia pelas secretarias da Segurança e da Administração Penitenciária]. Houve erro na comunicação", disse.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, presente aos velórios dos policiais ontem, transferiu a responsabilidade pelo caso à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária). "A polícia tem colaborado com a SAP em escoltas, porque a SAP não tem estrutura. [...] O ideal seria que a escolta fosse feita com homens adequadamente armados. Mas uma coisa é o ideal, e a outra é o que podemos fazer."
Procurada pela reportagem, a SAP não respondeu aos questionamentos feitos. Após o resgate, um carro da polícia foi enviado ao local. O investigador Cícero Roberto, 39, teve um infarto quando soube da morte de Oliveira e morreu. Foi velado e enterrado ontem em Santos.
O corpo de Oliveira foi velado ontem e deve ser enterrado hoje, no Guarujá. Um carro da Polícia Militar passou a fazer buscas e encontrou um dos fugitivos. Houve troca de tiros, e Ivanildo Pereira da Silva, 31, foi morto.

Objetivo
Para o delegado Bueno Filho, a ação teve como objetivo resgatar Marcondes, do PCC, que cumpre pena desde 2002. Ele tem condenações por crimes como tráfico de drogas, roubo, homicídio, porte ilegal de armas e formação de quadrilha.
Marcondes cumpre pena em Presidente Venceslau desde outubro do ano passado. Foi para o CDP de São Vicente em 14 de novembro deste ano, porque teria de se apresentar no Fórum do Guarujá para uma audiência.


Colaboraram RACHEL AÑÓN, MARTHA ALVES e MATHEUS PICHONELLI, da Agência Folha


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