São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Foco do ato é a solidariedade, diz ministério

Diretora do Programa Nacional de DST/Aids nega ter havido veto da Igreja à distribuição de preservativos em evento no Cristo Redentor

Mariângela Simão afirma que a questão não foi discutida e que o ato será religioso, no qual "não cabe distribuir preservativos"

DA REPORTAGEM LOCAL

A diretora do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, confirma que não ocorrerá distribuição de preservativos ou atividades de prevenção no Cristo Redentor no Dia Mundial de Luta contra a Aids, no dia 1º, mas nega que isso tenha sido uma imposição da Igreja.
"Será um ato religioso, com representantes de várias igrejas, um dia voltado para a solidariedade às pessoas que são afetadas pela epidemia do mundo. É um tipo de evento que não cabe distribuir preservativos", disse.
Ela afirma que, durante as reuniões com a Cúria do Rio para a organização do evento, o principal embate foi sobre o tamanho e a localização do símbolo internacional de luta contra a Aids, um laço vermelho, que ficará na base no Cristo.
"Inicialmente queríamos um grande laço na frente do Cristo, mas chegamos a um meio termo de ter um laço na base. Esse foi o ponto de maior negociação nosso porque, na avaliação da Igreja, nada pode se interpor à imagem de Cristo. "
Segundo ela, em nenhum momento foi discutido com a Igreja se seria ou não distribuído preservativo durante o encontro. "Será evento com outro foco. Teremos um coral de crianças que vivem com Aids, um jovem dando depoimento. Será um evento religioso."
Simão afirma que não houve um acordo entre a Igreja e o governo brasileiro sobre essa questão. "Temos muito claro as nossas diferenças, que são muito grandes na questão da prevenção. Mas também temos uma agenda comum, como a promoção dos direitos humanos pelas populações mais vulneráveis, a solidariedade, a luta contra o preconceito e a discriminação. Esse é o foco que estamos dando para o Dia Mundial de Luta contra Aids."
A diretora alega que o ministério jamais se furtou em discutir a questão do preservativo. "É um dos pilares do programa." Para ela, o ato no Cristo tem uma simbologia muito grande para o país.
"Somos uma nação cristã. Boa parte das casas de apoio às pessoas que vivem com Aids no Brasil são de organizações católicas. Temos a pastorais da Aids e, algumas delas, distribuem preservativos. O governo, na área da Aids, tem uma longa parceria com a Igreja."
Ela diz que o governo não aceitaria qualquer imposição da Igreja em relação à camisinha. "Falamos de preservativo nas escolas, na mídia, distribuímos milhões de preservativos. Mas tem hora e lugar para fazer as coisas. (CLÁUDIA COLLUCCI)


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