São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007 |
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Governo exclui preservativo de ato contra a Aids no Cristo Evento, que será no dia 1º, terá presença de Lula e conta com o apoio da Igreja Para ONGs, proibição de distribuir e mencionar preservativo partiu da Igreja, que diz que decisão foi tomada junto com ministério
CLÁUDIA COLLUCCI DA REPORTAGEM LOCAL A distribuição de preservativos e a menção deles como forma de prevenir a Aids foram vetados da comemoração oficial do Dia Mundial de Luta contra a Aids que ocorre no Cristo Redentor, no dia 1º, com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O programa brasileiro de combate à Aids é pioneiro entre os países emergentes e um dos mais respeitados do mundo. Segundo o Fórum Estadual de ONGs e Aids do Rio, o veto foi uma exigência da Curia Metropolitana do Rio para liberar o santuário para o evento. A Igreja alega que a decisão de não se falar ou distribuir preservativos não foi imposta, mas sim tomada em comum acordo com o Programa DST Aids, do Ministério da Saúde. O ministério, por sua vez, diz que a questão do preservativo nem chegou a ser discutida com a Igreja porque o evento no Cristo será multi-religioso, focado na solidariedade aos pacientes que vivem com Aids, e não na prevenção da doença. Para o fórum, que representa 120 organizações de apoio às vítimas da Aids, o fato de o ministério acatar a decisão da Igreja representa um retrocesso na luta contra a Aids. "A Igreja já fez outras imposições e agora vem mais esta: libera o Cristo Redentor, mas não pode ter nenhuma associação à camisinha. Isso é um contra-senso", afirma Roberto Pereira, um dos coordenadores do fórum. Para ele, a escolha do Cristo foi acertada, especialmente neste ano em que a estátua foi eleita uma das sete maravilhas do mundo. "Mas [o ministério] submeter-se à pressão da Igreja, para nós, é um retrocesso. Solidariedade é superimportante, mas solidariedade sem camisinha, com o perdão do trocadilho, é uma furada." O bispo auxiliar do Rio, dom Antonio Augusto Dias Duarte, afirma que, desde o início, a Arquidiocese do Rio decidiu apoiar o evento no Cristo por se tratar de um "dia de defesa dos direitos dos doentes da Aids", e não para falar de prevenção. "A Igreja não impôs nada." Ele afirma que sua oposição ao uso da camisinha como prevenção da Aids é amparada mais em evidência científica do que nos preceitos morais difundidos pela Igreja. Médico, o bispo questiona a eficácia do preservativo devido à suposta alta taxa de falibilidade por mau uso e defeitos de fábrica. "30% das mulheres engravidam usando camisinha. Você entraria em um avião que tivesse 30% de chances de cair?" Diversos estudos confirmam a eficiência do preservativo na prevenção da Aids e de outras DSTs. Em um deles, da Universidade de Wisconsin (EUA), demonstrou-se que o uso correto e sistemático de preservativos em todas as relações sexuais apresenta uma eficácia entre 90 e 95% na prevenção do HIV. Texto Anterior: Carlos dos Santos e o posto de gasolina Próximo Texto: Foco do ato é a solidariedade, diz ministério Índice |
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