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Hoje, cirurgia só é feita quando há risco para mulher ou bebê
JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A cobertura dos planos de
saúde para cirurgias de vasectomia e ligadura de trompas deve ser comemorada, de acordo
com o presidente em exercício
do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo), Luiz Alberto Bacheschi.
Esses procedimentos, atualmente, podem ser autorizados
por alguns planos de saúde
após um processo demorado,
que inclui a indicação médica e
uma perícia detalhada da instituição para que os custos sejam
cobertos. Com a obrigatoriedade da cobertura, apenas a indicação médica será necessária
para que o conveniado possa
ser operado.
No entanto, pondera o superintendente da Confederação
das Santas Casas de Misericórdia, José Luiz Spigolon, apesar
de liberadas pelo plano, as cirurgias não poderão ser feitas
arbitrariamente. "Mesmo com
a facilidade do convênio médico, a ligadura de trompas e a vasectomia não podem ser realizadas sem uma boa avaliação
médica", diz.
Reynaldo Ayer de Oliveira,
professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), fala
que a indicação das cirurgias
têm regras que devem ser levadas em consideração para que
sejam realizadas.
A mulher, por exemplo, pode
recorrer à ligadura de trompas
caso uma gravidez coloque sua
vida ou a do bebê em risco. É o
caso de pacientes que têm pressão alta ou já passaram por
mais de três cesarianas. Nesse
último caso, há risco de o útero
se romper durante a gravidez.
Ainda assim, a decisão final
pode ser do paciente, como
afirma o professor. "A medicina
sempre pensa no que traz prejuízo à pessoa. Se o risco de engravidar a prejudica, ela pode
escolher a cirurgia de esterilização, desde que bem orientado por especialista."
O Ministério da Saúde indica
que essas cirurgias devem ser
realizadas somente em pessoas
com mais de 25 anos ou pelo
menos dois filhos vivos e que
haja um prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação
da vontade do paciente e o procedimento cirúrgico.
Segundo o diretor presidente
da ANS (Agência Nacional de
Saúde Suplementar), Fausto
Pereira dos Santos, a agência
autoriza os procedimentos de
acordo com o protocolo do ministério. Ele não acredita que a
cobertura estimulará os conveniados a realizar esse tipo de cirurgia. "Esses procedimentos
não são de alto custo, provavelmente quem realmente precisou realizá-los e não pôde pelo
convênio já os fez no sistema
privado", argumenta.
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