São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Hoje, cirurgia só é feita quando há risco para mulher ou bebê

JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A cobertura dos planos de saúde para cirurgias de vasectomia e ligadura de trompas deve ser comemorada, de acordo com o presidente em exercício do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Luiz Alberto Bacheschi.
Esses procedimentos, atualmente, podem ser autorizados por alguns planos de saúde após um processo demorado, que inclui a indicação médica e uma perícia detalhada da instituição para que os custos sejam cobertos. Com a obrigatoriedade da cobertura, apenas a indicação médica será necessária para que o conveniado possa ser operado.
No entanto, pondera o superintendente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, José Luiz Spigolon, apesar de liberadas pelo plano, as cirurgias não poderão ser feitas arbitrariamente. "Mesmo com a facilidade do convênio médico, a ligadura de trompas e a vasectomia não podem ser realizadas sem uma boa avaliação médica", diz.
Reynaldo Ayer de Oliveira, professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), fala que a indicação das cirurgias têm regras que devem ser levadas em consideração para que sejam realizadas.
A mulher, por exemplo, pode recorrer à ligadura de trompas caso uma gravidez coloque sua vida ou a do bebê em risco. É o caso de pacientes que têm pressão alta ou já passaram por mais de três cesarianas. Nesse último caso, há risco de o útero se romper durante a gravidez.
Ainda assim, a decisão final pode ser do paciente, como afirma o professor. "A medicina sempre pensa no que traz prejuízo à pessoa. Se o risco de engravidar a prejudica, ela pode escolher a cirurgia de esterilização, desde que bem orientado por especialista."
O Ministério da Saúde indica que essas cirurgias devem ser realizadas somente em pessoas com mais de 25 anos ou pelo menos dois filhos vivos e que haja um prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade do paciente e o procedimento cirúrgico.
Segundo o diretor presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Fausto Pereira dos Santos, a agência autoriza os procedimentos de acordo com o protocolo do ministério. Ele não acredita que a cobertura estimulará os conveniados a realizar esse tipo de cirurgia. "Esses procedimentos não são de alto custo, provavelmente quem realmente precisou realizá-los e não pôde pelo convênio já os fez no sistema privado", argumenta.


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