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Para especialistas, pacote da Anac é tímido
Professor da UFRJ diz que punição para overbooking deveria existir todos os dias, e não apenas por um período
Ministros do Esporte e
do Turismo também
fizeram críticas às
condições precárias de
aeroportos brasileiros
DE SÃO PAULO
DO RIO
O pacote anunciado ontem pela Anac é insuficiente
para evitar problemas que
são decorrentes basicamente
de falhas de gestão e da ausência de planejamento, afirmam especialistas à Folha.
"As medidas até são bem
intencionadas, mas deviam
funcionar todo dia e a toda
hora, não apenas no final do
ano", diz Respicio Antonio
do Espírito Santo Júnior, professor de transporte aéreo da
Universidade Federal do Rio.
Para ele, o maior problema
é que o movimento de passageiros tem crescido sem a
contrapartida de investimentos em infraestrutura e planejamento de longo prazo.
A responsabilidade pelo
descompasso, defende, é
"100% do governo". "[O pacote] é uma forma de tirar o
peso do piano das costas."
Para ele, é preciso investir
em um novo modelo de administração dos aeroportos,
com maior privatização do
setor. "Isso é coisa que já é
debatida há dez anos."
Cláudio Candiota, presidente da Andep (Associação
Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do
Transporte Aéreo), concorda. "É pirotecnia. Depois, se
der problema, a Anac vai dizer que tomou as medidas. O
problema é falta de gestão."
COPA E OLIMPÍADA
Ambos concordam que o
problema deverá se agravar
devido ao crescente acesso
da população ao transporte
aéreo -em razão da melhoria econômica- e eventos como a Copa em 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016.
"É maravilhoso ver pessoas viajando de avião pela
primeira vez. Cresce a inserção da população no transporte aéreo, mas os aeroportos estão horríveis. E vai piorar", afirma Espírito Santo.
Autoridades presentes no
primeiro dia da Soccerex, feira internacional de negócios
de futebol no Rio, manifestaram preocupação com a situação dos aeroportos para a
Copa e a Olimpíada.
Orlando Silva, ministro do
Esporte, disse que a Infraero
deverá ter uma atividade
completamente diferente da
que teve até aqui sob pena de
oferecer constrangimentos e
problemas no Mundial.
"Está evidente que os aeroportos brasileiros estão próximos do limite da necessidade do país. Quando pensamos nas dimensões do Brasil, percebemos que aeroporto é o risco principal do país
para a Copa."
Luiz Barretto, ministro do
Turismo, alerta que o problema não se resume à Copa. "A
demanda brasileira [de voos]
vai crescer neste ano em torno de 30%. É um desafio",
disse.
(JOSÉ BENEDITO DA SILVA, RODRIGO RÖTZSCH e LUIZA SOUTO)
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