São Paulo, terça-feira, 23 de novembro de 2010

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Para especialistas, pacote da Anac é tímido

Professor da UFRJ diz que punição para overbooking deveria existir todos os dias, e não apenas por um período

Ministros do Esporte e do Turismo também fizeram críticas às condições precárias de aeroportos brasileiros

DE SÃO PAULO
DO RIO

O pacote anunciado ontem pela Anac é insuficiente para evitar problemas que são decorrentes basicamente de falhas de gestão e da ausência de planejamento, afirmam especialistas à Folha.
"As medidas até são bem intencionadas, mas deviam funcionar todo dia e a toda hora, não apenas no final do ano", diz Respicio Antonio do Espírito Santo Júnior, professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio.
Para ele, o maior problema é que o movimento de passageiros tem crescido sem a contrapartida de investimentos em infraestrutura e planejamento de longo prazo.
A responsabilidade pelo descompasso, defende, é "100% do governo". "[O pacote] é uma forma de tirar o peso do piano das costas."
Para ele, é preciso investir em um novo modelo de administração dos aeroportos, com maior privatização do setor. "Isso é coisa que já é debatida há dez anos."
Cláudio Candiota, presidente da Andep (Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo), concorda. "É pirotecnia. Depois, se der problema, a Anac vai dizer que tomou as medidas. O problema é falta de gestão."

COPA E OLIMPÍADA
Ambos concordam que o problema deverá se agravar devido ao crescente acesso da população ao transporte aéreo -em razão da melhoria econômica- e eventos como a Copa em 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016.
"É maravilhoso ver pessoas viajando de avião pela primeira vez. Cresce a inserção da população no transporte aéreo, mas os aeroportos estão horríveis. E vai piorar", afirma Espírito Santo.
Autoridades presentes no primeiro dia da Soccerex, feira internacional de negócios de futebol no Rio, manifestaram preocupação com a situação dos aeroportos para a Copa e a Olimpíada.
Orlando Silva, ministro do Esporte, disse que a Infraero deverá ter uma atividade completamente diferente da que teve até aqui sob pena de oferecer constrangimentos e problemas no Mundial.
"Está evidente que os aeroportos brasileiros estão próximos do limite da necessidade do país. Quando pensamos nas dimensões do Brasil, percebemos que aeroporto é o risco principal do país para a Copa."
Luiz Barretto, ministro do Turismo, alerta que o problema não se resume à Copa. "A demanda brasileira [de voos] vai crescer neste ano em torno de 30%. É um desafio", disse. (JOSÉ BENEDITO DA SILVA, RODRIGO RÖTZSCH e LUIZA SOUTO)


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