São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Zerbini terá mais prazo para quitar dívida

Fundação de apoio ao InCor terá até 2018 para pagar ao BNDES financiamento de R$ 155 milhões que venceria em 2012

Governo do Estado será avalista da fundação em parte da dívida; acordo, ainda em negociação, será assinado em até 90 dias

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Já estão definidos os principais termos do acordo de refinanciamento da dívida de cerca de R$ 155 milhões que a Fundação Zerbini tem com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Um dos pontos do acordo, segundo a Folha apurou, é a ampliação, de 2012 para 2018, do prazo para que a dívida da fundação seja quitada.
O acordo será assinado em, no máximo, 90 dias. A dívida com o BNDES é referente a um empréstimo tomado há mais de dez anos para a construção de um anexo do prédio principal do InCor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A Fundação Zerbini é a entidade que presta apoio financeiro ao InCor. No final do ano passado, veio à tona que a fundação enfrentava uma grave crise financeira, afogada numa dívida de R$ 246 milhões.
O InCor atende a pacientes particulares, de convênios médicos e do sistema público de saúde. É o maior centro de cardiologia da América Latina.
Preocupado com a possibilidade de que a crise afetasse os pacientes atendidos no InCor pelo sistema público, o governo de São Paulo entrou nas negociações. Isso facilitou o acordo com o banco estatal.
O governo paulista, pelos termos do novo acordo, será avalista de uma parte da dívida, de pelo menos R$ 40 milhões. Caso a Fundação Zerbini não tenha condições de pagar esse valor, o governo terá de fazê-lo.

Condições
Para ajudar nas negociações, porém, São Paulo impôs uma série de exigências. A Zerbini teve de reduzir o número de funcionários (caiu de 5.600 para 3.100), acabar com os altos salários e deixar de administrar o InCor de Brasília (a desvinculação total está marcada para março), por exemplo.
A fundação contratou uma empresa de consultoria especializada em reestruturação corporativa. Em novembro do ano passado, contava um déficit financeiro de R$ 56 milhões. Conseguiu sair do vermelho e, em novembro deste ano, já atingia um superávit de R$ 23 milhões.
Procurado pela Folha, o BNDES informou que não comentaria porque o acordo ainda não foi assinado. O médico David Uip, diretor da Fundação Zerbini e do InCor, confirmou que houve "uma adequação da dívida a prazos" e "a participação do governo", mas disse que não poderia fornecer detalhes em razão do sigilo que envolve as negociações.
"Há um ano, a fundação estava praticamente insolvente. Agora está nos trilhos", afirmou o médico. "Isso é crédito do Incor, da Zerbini, do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, da Fundação Faculdade de Medicina e do governo estadual."
Com os avanços na negociação com o BNDES, a Fundação Zerbini deixou de fazer parte do Cadin, o cadastro das entidades inadimplentes com o governo federal. O que resta agora é uma dívida de R$ 30 milhões com bancos privados.


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