São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Nelson Jobim responsabiliza Gol por atrasos em vôos

Ministro da Defesa atribuiu a cortes de pessoal os problemas nos aeroportos desde sábado

Segundo a Infraero, até as 23h de ontem 53,7% dos 611 vôos da Gol tiveram atrasos, contra 18,1% das 768 viagens da TAM


DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, responsabilizou a companhia aérea Gol pelos atrasos de vôos nos aeroportos entre sábado e ontem. Segundo o ministro, o motivo dos problemas foi um corte de pessoal feito pela Gol, que impossibilitou a empresa de dar conta do crescimento da demanda no início das férias de fim de ano.
"Há um problema de operação da Gol, de despachos da Gol. A Gol teve um problema em relação ao número de funcionários. (...) [Ela dispensou os funcionários e agora] está precisando deles", disse.
Ontem, balanço da Infraero indicava que, até as 23h, 53,7% dos 611 vôos da Gol e 47,2% dos 159 vôos da Varig tiveram atrasos -as duas empresas se fundiram recentemente.
No mesmo período, a TAM, principal concorrente da Gol, teve 18,1% dos seus 768 vôos com atraso. Somados, Gol e Varig eram responsáveis por 59,9% dos vôos com atraso registrados em todo o país.
Em nota, a empresa afirmou que o problema foi solucionado no final da tarde de ontem, com reforço de pessoal e do número de aeronaves reserva, que passou de duas para quatro. Segundo a assessoria, porém, o incremento de pessoal já era previsto antes dos atrasos.
A onda de atrasos começou no sábado, um dia após a Infraero ter afirmado que o fim de ano seria "tranqüilo" nos aeroportos, e em meio à negociação de reajuste salarial entre os funcionários das empresas de aviação e patrões.
Ontem, o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) aceitou aumentar para 8% a proposta de reajuste dos aeroviários, conforme sugestão feita pelo Ministério Público do Trabalho na sexta-feira. Os aeroviários pediam 9% de reajuste linear, mais um reajuste dos pisos salariais entre 10% e 20%. Os empresários ofereciam 7,5% de reajuste e 8% para os pisos.
A nova proposta enfraquece a idéia do SNA (Sindicato Nacional dos Aeroviários, que representa parte dos funcionários das empresas de aviação) de paralisar suas atividades amanhã e quinta-feira (véspera e feriado do Natal), segundo a entidade, que afirmou que "irá submeter a proposta à análise" da categoria.
Os 672 vôos atrasados em todo o país até as 23h de ontem representavam 33,2% do total. O diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Marcelo Guaranys, atribuiu os atrasos principalmente ao mau tempo.
"Está chovendo muito em todo o Brasil, o que gera problemas ocasionais que impactam na rede de vôos como um todo", acrescentou.
Segundo ele, entre sexta-feira e ontem, houve o fechamento de pelo menos um aeroporto a cada dia (Porto Velho, Boa Vista, Palmas e Congonhas) por conta das chuvas.
Guaranys afirmou, no entanto, que, "de fato", a Gol apresenta índices maiores de atrasos em relação a outras companhias. Segundo ele, enquanto a média de atraso das outras empresas era de aproximadamente 25% ontem, a Gol tinha 45% de seus vôos com atrasos superiores a 30 minutos.
"Pode ter ocorrido um problema pontual nas esteiras no aeroporto de Guarulhos, mas isso não justifica os atrasos maiores da empresa desde a sexta-feira", disse. Anteontem, a empresa dissera que um dos fatores para os atrasos era "defeito nas esteiras de bagagens do terminal da Infraero". A Infraero negou e culpou funcionários da empresa pela má utilização do equipamento.
Ele disse que a Anac irá fiscalizar o atendimento e a assistência da Gol aos passageiros. "Depois desse processo, vamos checar se a empresa tem condições de cumprir a grade de vôos que está comercializando."

Atrasos
Em São Paulo, Congonhas teve, até as 23h, 102 atrasos (39,2% do total) -o aeroporto ficou fechado das 15h30 às 16h55 por causa das chuvas. O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, teve 72 vôos atrasados (29,3%).
Segundo Guaranys, o maior percentual de atrasos no aeroporto Juscelino Kubitschek, de Brasília, deveu-se ao fechamento de aeroportos nas regiões Norte e Nordeste. "Todos os vôos vindos de lá passam por Brasília, que sente um maior impacto que o resto do país." Das 179 partidas programadas, 86 tiveram atraso (48%), de acordo com a Infraero.


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