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Nelson Jobim responsabiliza Gol por atrasos em vôos
Ministro da Defesa atribuiu a cortes de pessoal os problemas nos aeroportos desde sábado
Segundo a Infraero, até as 23h de ontem 53,7% dos 611 vôos da Gol tiveram atrasos, contra 18,1%
das 768 viagens da TAM
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, responsabilizou a companhia aérea Gol pelos atrasos
de vôos nos aeroportos entre
sábado e ontem. Segundo o ministro, o motivo dos problemas
foi um corte de pessoal feito pela Gol, que impossibilitou a empresa de dar conta do crescimento da demanda no início
das férias de fim de ano.
"Há um problema de operação da Gol, de despachos da
Gol. A Gol teve um problema
em relação ao número de funcionários. (...) [Ela dispensou os
funcionários e agora] está precisando deles", disse.
Ontem, balanço da Infraero
indicava que, até as 23h, 53,7%
dos 611 vôos da Gol e 47,2% dos
159 vôos da Varig tiveram atrasos -as duas empresas se fundiram recentemente.
No mesmo período, a TAM,
principal concorrente da Gol,
teve 18,1% dos seus 768 vôos
com atraso. Somados, Gol e Varig eram responsáveis por
59,9% dos vôos com atraso registrados em todo o país.
Em nota, a empresa afirmou
que o problema foi solucionado
no final da tarde de ontem, com
reforço de pessoal e do número
de aeronaves reserva, que passou de duas para quatro. Segundo a assessoria, porém, o incremento de pessoal já era previsto antes dos atrasos.
A onda de atrasos começou
no sábado, um dia após a Infraero ter afirmado que o fim de
ano seria "tranqüilo" nos aeroportos, e em meio à negociação
de reajuste salarial entre os
funcionários das empresas de
aviação e patrões.
Ontem, o Snea (Sindicato
Nacional das Empresas Aeroviárias) aceitou aumentar para
8% a proposta de reajuste dos
aeroviários, conforme sugestão
feita pelo Ministério Público do
Trabalho na sexta-feira. Os aeroviários pediam 9% de reajuste linear, mais um reajuste dos
pisos salariais entre 10% e 20%.
Os empresários ofereciam 7,5%
de reajuste e 8% para os pisos.
A nova proposta enfraquece
a idéia do SNA (Sindicato Nacional dos Aeroviários, que representa parte dos funcionários das empresas de aviação)
de paralisar suas atividades
amanhã e quinta-feira (véspera
e feriado do Natal), segundo a
entidade, que afirmou que "irá
submeter a proposta à análise"
da categoria.
Os 672 vôos atrasados em todo o país até as 23h de ontem
representavam 33,2% do total.
O diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Marcelo Guaranys, atribuiu os atrasos
principalmente ao mau tempo.
"Está chovendo muito em todo o Brasil, o que gera problemas ocasionais que impactam
na rede de vôos como um todo",
acrescentou.
Segundo ele, entre sexta-feira e ontem, houve o fechamento de pelo menos um aeroporto
a cada dia (Porto Velho, Boa
Vista, Palmas e Congonhas)
por conta das chuvas.
Guaranys afirmou, no entanto, que, "de fato", a Gol apresenta índices maiores de atrasos em relação a outras companhias. Segundo ele, enquanto a
média de atraso das outras empresas era de aproximadamente 25% ontem, a Gol tinha 45%
de seus vôos com atrasos superiores a 30 minutos.
"Pode ter ocorrido um problema pontual nas esteiras no
aeroporto de Guarulhos, mas
isso não justifica os atrasos
maiores da empresa desde a
sexta-feira", disse. Anteontem,
a empresa dissera que um dos
fatores para os atrasos era "defeito nas esteiras de bagagens
do terminal da Infraero". A Infraero negou e culpou funcionários da empresa pela má utilização do equipamento.
Ele disse que a Anac irá fiscalizar o atendimento e a assistência da Gol aos passageiros.
"Depois desse processo, vamos
checar se a empresa tem condições de cumprir a grade de vôos
que está comercializando."
Atrasos
Em São Paulo, Congonhas teve, até as 23h, 102 atrasos
(39,2% do total) -o aeroporto
ficou fechado das 15h30 às
16h55 por causa das chuvas. O
aeroporto de Cumbica, em
Guarulhos, teve 72 vôos atrasados (29,3%).
Segundo Guaranys, o maior
percentual de atrasos no aeroporto Juscelino Kubitschek, de
Brasília, deveu-se ao fechamento de aeroportos nas regiões Norte e Nordeste. "Todos
os vôos vindos de lá passam por
Brasília, que sente um maior
impacto que o resto do país."
Das 179 partidas programadas,
86 tiveram atraso (48%), de
acordo com a Infraero.
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