São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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TST manda 80% do setor aéreo trabalhar

Justiça fixa multa diária de R$ 100 mil caso pilotos e funcionários mantenham greve total prevista para hoje

Presidente da Anac já admitia piquetes e pequenas paralisações; decisão do tribunal surpreende sindicato


Mateus Bruxel/Folhapress
Passageiros esperam no setor de embarque do aeroporto de Congonhas (SP); cerca de 480 mil devem viajar de avião hoje

MARIANA BARBOSA
EDUARDO GERAQUE

DE SÃO PAULO

JANAÍNA LAGE
DO RIO

Diante da ameaça de um novo caos aéreo por conta da greve de pilotos e funcionários de empresas aéreas, a Justiça do Trabalho determinou ontem à noite que a categoria mantenha em atividade 80% do efetivo de hoje até o dia 2 de janeiro de 2011.
A liminar foi concedida pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Milton de Moura França, que ainda fixou multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento da ordem.
A decisão surpreendeu a categoria. Selma Balbino, presidente do sindicato dos aeroviários, soube da liminar pela Folha. "Isso sai da Lei de Greve, de 30%. É capaz de dar problema. A Justiça é muito rápida para punir a gente, mas não para punir as empresas", disse, sinalizando que a decisão pode acirrar os ânimos da categoria.
De acordo com a nota do Ministério Público do Trabalho, o ministro França ressaltou, em seu despacho, que o direito de greve está garantido pela Constituição, mas que, igualmente, "decorre de preceito constitucional que todos os cidadãos têm o direito de livre locomoção em todo o território nacional, por todos os meios de transportes disponíveis, salvo restrições, em casos específicos, que a própria Constituição Federal disciplina".
Uma assembleia de aeronautas e aeroviários está marcada para hoje, às 5h, em São Paulo. Eles devem decidir se param por 3, 5 ou 10 horas. A insatisfação maior parte dos aeroviários, trabalhadores que atuam em solo.
A liminar atende ação cautelar movida pelo procurador-geral do Trabalho, Otavio Brito Lopes, que anteontem participou de mais uma rodada de negociações entre empresas e trabalhadores. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, culpou as empresas pelo impasse nas negociações.
Mesmo que a categoria mantenha 80% do efetivo, os passageiros devem enfrentar transtornos hoje.
À tarde, a presidente da Anac (a agência que controla a aviação civil), Solange Vieira, já admitia a possibilidade de "pequenas paralisações e piquetes" de funcionários num dia em que cerca de 480 mil pessoas deverão viajar de avião -a data supera o movimento do Ano-Novo.
Solange, porém, disse que a agência não trabalha com um cenário de greve total. "O mais provável é que haverá pequenas paralisações, totalmente contornáveis."
O problema é que, como as companhias trabalham sem nenhuma folga com relação à tripulação, qualquer paralisação pode desencadear um efeito cascata.
A própria Solange admitiu que, se houver greve, o passageiro pode "não conseguir chegar ao seu destino".
Ontem, mesmo sem greve alguma, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, registrou em determinado período da manhã 40% de voos atrasados. "Problema que ocorreu por questões meteorológicas", disse Solange, ao se referir à chuva na região Norte do país.
Ela considera normal que 20% dos voos atrasem nesta época do ano.


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