São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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Jobim culpa as empresas pela greve nos aeroportos

Ministro diz que aéreas deveriam ter tido postura diferente nas negociações

Sindicato patronal diz que setor continua achando que não haverá mobilização suficiente dos trabalhadores hoje


DE BRASÍLIA
DO RIO
DE SÃO PAULO


Em carta endereçada ontem às companhias aéreas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que o fracasso das negociações com os aeronautas e os aeroviários se deve, principalmente, à "postura dos representantes do sindicato patronal" e que, se fosse outra a postura tomada, "poderíamos, a essa altura, estar a assegurar aos brasileiros a tranquilidade em relação a suas viagens".
Antes de enviar a carta, Jobim ouviu dos representantes das empresas que seria aberta uma mesa de negociações no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para dar uma solução à greve anunciada para hoje. Não apenas a promessa foi descumprida, como as empresas retornaram ao ministro pedindo "medidas necessárias" para a "manutenção da ordem".
Jobim não gostou da reação e jogou a culpa da greve nos empresários.
O ministro também se reuniu com a presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Solange Vieira, e o presidente da Infraero, Murilo Barboza. Se houver greve, o governo deve ir à Justiça para garantir um atendimento mínimo.

APELO
Em rápida entrevista no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao setor.
"Eu não acho correto, nem democraticamente justo, alguém impedir que as pessoas viajem no Natal se nós temos, depois do dia 1º, tempo para negociar, e se nós poderíamos ter negociado antes."
O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), disse que cada empresa estuda o que poderá fazer hoje. No entanto, segundo a entidade, as empresas continuam achando que não haverá mobilização suficiente dos trabalhadores hoje.
A insatisfação maior parte dos aeroviários, trabalhadores que atuam em solo nos aeroportos. Seis dos sete sindicatos de aeroviários ligados à CUT devem votar pela greve. Apenas o de Manaus não deve aderir.
Na noite de ontem, o Snea não tinha tomado conhecimento da carta de Jobim.
"A impressão das empresas é que vai afetar mais os terceirizados, quem presta serviço de pista e carrega bagagem", disse o presidente do Snea, José Márcio Mollo.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, afirmou que as empresas pretendem transportar aeroviários em vans com vidro com película escura e estão distribuindo voucher para táxi.
Além disso, os funcionários foram orientados a levar os uniformes escondidos em sacolas e só se vestir depois que ultrapassarem os piquetes. Tudo para evitar o assédio dos grevistas.
Em um ensaio do que pode ocorrer hoje, os aeroviários montaram ontem piquetes no Rio e em Minas Gerais.
No aeroporto Santos Dumont, no Rio, cerca de 200 funcionários chegaram a bloquear temporariamente o acesso ao check-in da TAM.


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