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Presos recorrem à Justiça contra o uso de tornozeleira
Para detentos que passarão as festas de final de ano
em casa, uso do equipamento fere "dignidade humana"
Em todo o Estado,
4.635 presos do regime semiaberto terão de usar a tornozeleira
na saída temporária
JOSMAR JOZINO
DO "AGORA"
Pelo menos 65 dos 79 presos do CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de São
Miguel Paulista (zona leste
de SP) entraram, na última
segunda-feira, com habeas
corpus no Tribunal de Justiça
para não usar a tornozeleira
eletrônica na saída temporária de Natal e Ano-Novo.
Até a conclusão desta edição, os pedidos ainda não tinham sido julgados.
O Tribunal de Justiça dificilmente terá tempo hábil para julgar todos os casos antes
da saída temporária dos presidiários, prevista para hoje.
Os detentos afirmam que o
uso do aparelho fere o princípio da dignidade humana.
No pedido de habeas corpus, os presos classificam a
utilização do equipamento
como uma medida de "caráter vexatório, bullying, de extrema violência moral e psicológica".
Os presos também comparam a tornozeleira eletrônica
à letra "j" marcada no passaporte de judeus por nazistas
na Segunda Guerra Mundial.
DISTRIBUIÇÃO
O TJ informou que, até ontem, tinham sido protocolados mais de cem habeas corpus contra o uso da tornozeleira em todo o Estado. O tribunal disse que começou a
cadastrar os pedidos e, depois, fará a distribuição.
Em todo o Estado de São
Paulo, 4.635 presos do regime semiaberto terão de usar
a tornozeleira na saída temporária. É a primeira vez que
o equipamento é utilizado
em presidiários do sistema
prisional paulista.
O ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, detento
do CPP de São Miguel, disse
ontem que vai utilizar a tornozeleira. Ele, assim como
outros, passa o dia no trabalho e dorme no CPP quando
está preso.
Outro detento da unidade,
de 50 anos, afirmou que o
uso do aparelho "vai causar
constrangimento" a todos.
A reportagem entrou em
contato ontem à tarde com a
assessoria de imprensa da
SAP (Secretaria de Estado da
Administração Penitenciária) para saber qual a posição
da pasta em relação aos pedidos de habeas corpus dos
presos, que são contra o uso
da tornozeleira eletrônica.
Até a conclusão desta edição, os assessores de gabinete da SAP não tinham se manifestado sobre o assunto.
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