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Sala tinha extensão irregular, diz engenheiro
Profissional trabalha no local há 11 anos no HC e é responsável pela manutenção elétrica; hospital diz que não havia nenhuma instalação
Funcionários relatam que, após incêndio no subsolo, há um mês, ligações clandestinas surgiram
nos ambulatórios
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O engenheiro elétrico Dirceu
Bravin disse ontem à polícia
que havia uma extensão elétrica irregular na sala do Hospital
das Clínicas onde houve um
princípio de incêndio na manhã de ontem. Bravin, que trabalha no HC há 11 anos, é responsável pela manutenção elétrica do prédio.
No depoimento, que integra
o inquérito policial instaurado
para apurar o caso, o engenheiro afirma que, após o primeiro
incêndio, foram usadas várias
extensões elétricas para permitir o funcionamento do ambulatório, mas que a extensão encontrada ontem na sala "estava
fora do padrão utilizado e não
havia sido autorizada".
Em nota, o HC afirma que
não havia no local nenhum tipo
de instalação elétrica além de
iluminação.
Procurado pela Folha, Bravin não quis falar sobre o depoimento. O superintendente
do HC, José Manoel Teixeira,
também preferiu não se pronunciar sobre a contradição
entre a nota e o que o engenheiro disse à polícia.
A sala onde ocorreu o incêndio estava trancada. No local,
havia equipamentos de endoscopia e informática, papéis,
uma "isolet" (berço eletrônico
construído em acrílico), móveis de madeira, um aparelho
telefônico e três estabilizadores elétricos desligados.
Dois funcionários da equipe
de manutenção do HC relataram à Folha que, desde o incêndio ocorrido no subsolo do
prédio, há um mês, têm surgido
ligações elétricas clandestinas
("gatos") nos ambulatórios.
"As pessoas decidem colocar
uma extensão para usar um
micro, esquentar um marmiteiro e até instalar microondas
e fazem sem autorização.
Quando vemos, a coisa está feita e ninguém sabe, ninguém
viu", disse um deles.
O mesmo funcionário alega
que nos últimos dias desapareceram câmeras que faziam a vigilância de alguns andares, o
que reforça a suspeita de premeditação do incêndio de ontem, na avaliação dele.
Boletim
Ontem, além de depor na
condição de testemunha, o engenheiro Bravin tentou registrar um boletim de ocorrência
de preservação de direitos para
relatar que ligações elétricas
têm sido feitas sem a sua autorização, o que pode colocar em
risco a segurança do local.
Com isso, ele pretendia se
isentar de qualquer responsabilidade caso ocorram, no futuro, eventuais problemas relacionados aos "gatos".
Mas, segundo Bravin, o delegado Júlio Cesar de Almeida
Teixeira, titular do 14º DP, se
recusou a elaborar o BO de preservação de direitos, alegando
que não tinha tempo e que o caso deveria ser reportado diretamente à administração do HC.
Bravin então insistiu no BO e
protocolou um pedido por escrito. O delegado disse que não
registrou o BO porque não viu
necessidade. "O que ele teria
para relatar já está relatado no
depoimento. Eu o orientei que,
para qualquer outra providência administrativa, [a reclamação] deveria ser feita no HC."
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