|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bando invade hospital e resgata traficante
Criminoso foi retirado de hospital no Rio por 30 homens armados, alguns disfarçados de policiais; médicos e pacientes foram roubados
PMs que faziam a escolta não estavam na porta do quarto; durante a ação, cerca de 190 pessoas estavam internadas no local
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Um grupo de cerca de 30 criminosos cercou ontem o hospital Carlos Chagas, em Marechal
Hermes, zona norte do Rio, para resgatar um traficante internado no local. Vestidos com coletes semelhantes aos da polícia e roupas camufladas, renderam policiais, vigias e médicos
em uma ação que durou cerca
de 15 minutos.
A polícia desconhecia até anteontem a "importância" do
traficante custodiado no hospital, ferido há uma semana, em
uma troca de tiros com um policial no Méier. Apenas dois policiais militares faziam a guarda
de Marcos Antônio Oliveira da
Silva, 25, o Negão. A possível
participação dos PMs no resgate será investigada.
Em depoimento, um dos
PMs responsáveis por sua custódia afirmou que descobriu a
"importância" de Negão anteontem e pediu reforço.
A polícia disse ter identificado cinco suspeitos de participação na fuga. Um adolescente de
17 anos foi morto durante uma
operação da PM no morro da
Serrinha, favela na qual Negão
atuaria. Os outros quatro não
haviam sido encontrados até a
conclusão desta edição.
Para realizar o resgate, cerca
de 30 homens desembarcaram
de carros e motos na portaria
da emergência do hospital por
volta das 4h30. Eles cercaram o
local e anunciaram a ação.
Cinco homens renderam um
policial militar na cantina da
unidade. Ele havia acabado de
chegar para levar um preso ferido e não fazia a escolta do homem resgatado. Ele foi obrigado pelos criminosos a guiar o
grupo até o quarto onde se encontrava o criminoso. Seu companheiro de ronda permaneceu
no carro, também sem reação.
"Um [criminoso] chegou a
sugerir que o PM [rendido] fosse morto, mas outro disse: "Nada disso. Viemos pegar o cara e
só'", disse um homem que testemunhou a ação e pediu para
não ser identificado.
Os dois PMs que faziam a escolta de Negão não estavam na
porta do quarto, de acordo com
o diretor do hospital Aramis
Costa Filho. "O que eles poderiam fazer com vários bandidos
armados de fuzil? Poderiam até
ferir um paciente", disse o delegado da 30ª DP (Marechal Hermes), Hércules Nascimento.
"Os policiais vão ter que esclarecer isso perante a Corregedoria. Pode ter havido conivência, não resta dúvida. Nós
teríamos dois PMs, o que, em
tese, para uma ação [como essa], não deixa de ser pouco",
afirmou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Até chegar ao quarto do traficante, os bandidos abriram o
cadeado de dois portões a tiros
de fuzil. A algema foi aberta da
mesma forma. Durante a ação,
cerca de 190 pessoas estavam
internadas no hospital. Os bandidos que permaneceram fora
do prédio assaltaram médicos,
pacientes e uma cantina.
Oliveira da Silva foi preso no
dia 16 em uma tentativa de assalto a um PM à paisana na no
Méier (zona norte). A vítima
reagiu e Negão foi baleado no
abdômen e preso. Nascimento
afirmou que Negão seria "braço
direito" de Marcelo da Silva Batista, 33, chefe do tráfico de
drogas nos morros da Serrinha
e do Cajueiro, em Madureira.
Texto Anterior: Lei que exige aquecedor solar em prédio vale a partir de julho Próximo Texto: PMs são presos no Rio por saquear cervejas de caminhão roubado Índice
|