São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOLPE
Suspeita é que as informações vendidas ilegalmente têm origem nas declarações de renda de contribuintes
Para polícia, dados vazaram da Receita

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

A Polícia Civil de São Paulo está convicta de que a perícia do Instituto de Criminalística do material apreendido na apuração sobre a venda de dados vai apontar que as informações que estavam sendo comercializadas ilegalmente vazaram da Receita Federal, das declarações de Imposto de Renda de contribuintes de todo o país.
A convicção sobre a origem do banco de dados, que pode conter informações de 17 milhões de contribuintes, surgiu de uma checagem no CD apreendido no mês passado com o vendedor Jefferson Festa Perez.
O vendedor foi flagrado vendendo a policiais disfarçados o banco de dados, que ele afirmava conter dados da Receita Federal. Quando consultaram os dados do CD, policiais encontraram informações que coincidem com as declaradas no Imposto de Renda.
O banco de dados continha a renda bruta, o CPF, o endereço completo, a data de nascimento, o telefone e até a atividade exercida pelo contribuinte. A maioria das informações é informada no campo de dados pessoais, nos impressos das declarações de Imposto de Renda.
A checagem das informações no CD foi feita com nomes de pessoas de São Paulo, até mesmo os de policiais. No CD, foi encontrada a renda exata que as pessoas declararam à Receita Federal, no Imposto de Renda de 1996 ou de 1997, segundo a Folha apurou.
Na pesquisa, também foram usados nomes de pessoas de outros Estados. Também foram encontrados os dados declarados à Receita pelos contribuintes.
Como a Receita Federal informou que os convênios fechados pelo órgão para fornecer dados de contribuintes a empresas não incluem informações como renda, a polícia concluiu que os dados vazaram.
O diretor do Instituto de Criminalística, Valdir Santoro, disse ontem que a perícia do material apreendido ainda está em andamento. Por essa razão, o instituto não tem como confirmar se o CD de Perez continha dados do IR.
Apesar de ter convicção sobre o vazamento de dados, a polícia depende do laudo do instituto para ter uma prova material contra os suspeitos -Perez, Carlos Alberto Rodrigues da Silva e José Adriano Pires- e tentar descobrir como os dados vazaram.
A suspeita é que funcionários da Receita tenham envolvimento no caso. Funcionários da Telefônica, de São Paulo, e da Telemar, do Rio, também estão sob suspeita, pois Perez tinha o banco de dados das empresas.
Os três suspeitos deram depoimentos contraditórios à polícia sobre o material apreendido e vão ser confrontados hoje em uma acareação.


Texto Anterior: Investigação: PT pede que Mellão tire licença
Próximo Texto: Agressão: Cão ataca homem em pensão no Rio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.