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EXPERIMENTO CARNAVALESCO
Ganhador do prêmio, Roald Hoffmann desfilou pela Unidos da Tijuca
Nobel quer unir ciência e samba
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Vencedor do Prêmio Nobel de
Química em 1981, Roald Hoffmann já esteve no Brasil "muitas vezes", mas neste ano participou pela primeira vez do Carnaval, experiência que comparou a um "experimento".
"A ciência devia estar na cultura popular, as pessoas gostam
do DNA", disse o cientista à Folha pouco antes de desfilar pela
Unidos da Tijuca, a terceira escola a entrar na avenida no primeiro dia da apresentação do
Grupo Especial no Sambódromo do Rio no domingo.
Hoffmann foi convidado para
o desfile, que teve a ciência como tema, por intermédio da
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro).
Questionado sobre por que
compara a mistura do Carnaval
com a ciência um "experimento", o cientista explicou que
existe uma espécie de diálogo
entre os dois ramos, como em
uma reação química.
Hoffmann ficou empolgado
com a possibilidade de popularizar a ciência por meio de festas
populares e defendeu a ampliação da experiência da escola de
samba carioca. "Seria interessante uma parada com temas
científicos. É uma maneira de
unir ciência e arte."
Como exemplo, Hoffmann
disse que um dos temas poderia
ser a teoria da movimentação
dos continentes.
Segundo o cientista, parte da
teoria surgiu do fato de as pessoas terem percebido que a costa do Brasil se "encaixa" com a
do continente africano.
Xuxa
O cientista nasceu na Polônia
e mudou-se para os Estados
Unidos em 1949, aos 11 anos.
De família judia, Hoffmann ficou escondido na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), quando perdeu o
pai e os avós nos campos de
concentração nazistas.
Na ala em que estava o polonês naturalizado norte-americano havia outros cientistas, como o físico Marcelo Gleiser, colunista da Folha, e Antonio Carlos Pavão, diretor do Espaço
Ciência de Pernambuco que
participou da elaboração do
enredo da Unidos da Tijuca.
"Isso [união de ciência e samba] tem de virar tradição. Sair
com a Xuxa, pô?", disse, em referência à Caprichosos de Pilares, escola que desfilou antes da
Unidos da Tijuca e homenageou a apresentadora infantil.
A parceria entre cientistas e
carnavalescos deu certo. A escola estava entre as mais criativas
do primeiro dia do desfile e foi
uma das poucas que ganharam
aplausos do público.
A comissão de frente foi formada por baianas cibernéticas,
com um efeito especial nas saias
e movimentos que imitavam os
de robôs. A Unidos da Tijuca
trouxe também um carro em
que 127 bailarinos representavam a espiral do DNA e outro
com os figurantes vestidos como a criatura Frankenstein.
Um destaque que representou
o físico alemão Albert Einstein
apresentou o carro alegórico
"Túnel do Tempo".
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