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SEGURANÇA
Relatório sobre violência da entidade internacional destaca problemas verificados na repressão ao crime no Brasil
Anistia critica ação policial no RJ e em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao lado de países como Timor
Leste (Ásia), Moçambique e África do Sul (ambos na África), o
Brasil ocupa papel de destaque no
relatório da Anistia Internacional,
divulgado ontem, que integra
campanha mundial contra o comércio ilegal de armas, a violência
e o despreparo dos policiais.
No primeiro do que se pretende
ser uma série de relatórios, a Anistia cobra melhores formas de controle do comércio ilegal de armas
e melhor preparo dos efetivos policiais e cita casos de extermínio e
de repressão policial.
Entre países pobres, que passaram por cenários de guerra -como o Timor Leste-, o Brasil ganha espaço no relatório da entidade por meio de episódios e estatísticas dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Em relação ao Rio, é destacado
o perfil do policial. A Anistia relatou a falta de preparo e os baixos
salários dos policiais militares. A
entidade disse que eles têm pequeno grau de instrução e têm
emprego extra, principalmente
na área de segurança privada, para complementar os baixos salários na corporação (cerca de US$
325 por mês).
Para a entidade, a polícia fluminense é preconceituosa e discrimina os moradores pobres da periferia. Entre os casos de vários
países citados no relatório, está o
de quatro jovens mortos pela polícia em abril do ano passado,
com indícios de execução. Segundo a organização, eles estudavam
e trabalhavam. A Polícia Militar
informou à entidade que o grupo
estava ligado ao tráfico de drogas.
São Paulo
Sobre o Estado de São Paulo, o
foco principal foi o aumento da
morte de civis por policiais militarem no ano passado. A Anistia citou aumento de 51% nos primeiros cinco meses do ano passado
em relação ao ano anterior -as
estatísticas de 2003 fecharam com
um aumento de 39,5% das mortes
em relação a 2002.
A entidade internacional criticou também o argumento utilizado pelo governo paulista de que
esses números são um resultado
do aumento de confrontos. Segundo a Anistia, o número de policiais mortos permanece estável,
o que mostraria que houve um
excesso por parte da PM.
A Anistia Internacional lembrou também a extinção do sistema implantado pelo governo
paulista em 1995, que previa o
afastamento imediato do PM envolvido em confronto com morte
-o Proar, substituído em 2002
por outro programa que não prevê o afastamento automático.
Segundo a entidade, o Proar
provocou efeitos imediatos na diminuição das mortes de pessoas
em confrontos com policiais militares em São Paulo.
Mas a própria Anistia lembra
que esse programa -que previa o
afastamento automático do
PM- não teve continuidade e salienta o aumento da violência policial por meio da existência de esquadrões da morte -grupos de
extermínio, com participação de
policiais, são investigados em Ribeirão Preto (interior de SP) e em
Guarulhos (Grande São Paulo).
Para exemplificar o descontrole
no Brasil da circulação de armas e
do aumento da violência, a Anistia cita um número do Ministério
da Saúde: 300 mil mortos por arma de fogo na última década.
(GILMAR PENTEADO E CAIO JUNQUEIRA)
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