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Ex-interno diz que equipe antiga incita motim
DA REDAÇÃO
Depois de passar um ano e três
meses internado por assalto, E.,
15, deixa a unidade 7 do Tatuapé
(zona leste de São Paulo) mancando e com uma proteção no
joelho direito -diz ter sido agredido pela tropa de choque da Polícia Militar no domingo- e abraçado à irmã, Elenice Pereira de
Souza, 22.
Com gírias quase incompreensíveis, E. negou ontem que as rebeliões tenham como objetivo
tentar forçar a Febem (Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor) a readmitir os funcionários
demitidos. Eles, no portão do
complexo, contavam essa versão.
É o contrário, diz o adolescente.
"Os moleques estão "firmeza" para
ver se os funcionários [antigos]
vão embora. Os novos [recém-contratados] ainda não bateram,
mas deixaram a gente "de tranca"
[presos]", contou ele, num ponto
de ônibus em frente ao complexo.
E. disse ainda como começou a
confusão de ontem, que, segundo
ele, foi estimulada por funcionários: "Eles vão em uma unidade e
falam que outra está "de treta"
[brigada] com ela; depois, fazem a
mesma coisa na outra, e aí o pessoal faz o levante". Seria a versão
para as "disputas" entre internos.
"Veneno"
Na última confusão, diz, funcionários passaram na unidade 16 dizendo: "Ou vocês fazem rebelião
ou vai pegar para vocês". "Eles fizeram o veneno."
É um choque de razões: funcionários espalhariam a versão de
que todas as outras unidades estavam revoltadas com a 16, que não
teria se rebelado ainda. Já os internos da 16 queriam atacar os outros porque estavam sendo punidos, mesmo sem se rebelar, conforme teriam dito funcionários.
"Os funcionários estavam na 7 e
foram para a 19. Depois, voltaram
dizendo que os caras [da 16] estavam querendo guerra com a gente. Os da 16 foram lá na 19, e eles
[da 19] falaram que não, que estava "firmeza". Mas a gente nunca
sabe", afirma E.
Na quinta-feira passada, relata
E., o que motivou a rebelião foi a
ameaça, feita por funcionários demitidos, de que os internos ficariam trancados e sem visitas porque os novos empregados contratados não teriam condição de
manter a segurança no complexo.
Durante o final de semana, período conturbado no Tatuapé devido à rebelião da quinta-feira, os
garotos da unidade 7, sem local
adequado, fizeram um revezamento para dormir e manter a vigília, conta E. Eles ocuparam três
salas de aula e uma sala da diretoria. ""Não tinha lugar para toda a
molecada. A gente revezava [o sono] de quatro em quatro horas."
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