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CNBB reclama com Lula de exclusão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) reclamou
ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter sido deixada de fora, sob argumento de
que o governo é laico -quando
há separação entre a religião e o
Estado-, da comissão do governo que irá debater a descriminalização do aborto e cobrou participação nas decisões.
O grupo já havia feito a queixa
anteontem à ministra Nilcéa Freire (Politicas para Mulheres), que
coordenará a comissão. O grupo
tem seis representantes da sociedade civil e há forte resistência interna à inclusão de uma entidade
religiosa -o governo indicou o
Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs do Brasil (Conic).
"Nesse processo de discussão, a
igreja reconhece e respeita a laicidade do Estado. Esta, porém, não
pode impedir que qualquer cidadão, cidadã ou grupos manifestem as suas convicções e as proponham como diretrizes ou leis",
diz a nota entregue ao presidente.
"Por essa razão, como cidadãos
e cristãos, queremos participar no
processo das decisões a serem tomadas em matéria tão relevante",
conclui o texto, que resume os
pontos apresentados na reunião
com Lula. Também foram discutidos na reunião de duas horas e
meia a violência no campo, terras
indígenas e pesquisa com células-tronco. A CNBB é contra o uso de
células embrionárias.
No documento, os bispos reconhecem que a prática de abortos
clandestinos é um grave problema social e de saúde pública no
Brasil, mas argumenta que a descriminalização pretendida pelo
governo seria "sanar um mal com
um mal maior".
Em contrapartida, sugere que o
governo defenda o feto com políticas de orientação e assistência.
"Nós queremos que as pessoas
que tentaram o aborto sejam bem
tratadas, sabemos quantas morrem por causa disso. Mas não
queremos que se busque a legalização disso", disse dom Geraldo
Majella, presidente da CNBB.
Integrantes da comissão vindas
de grupos feministas consideram
que o debate não pode ser levado
para terreno religioso ou moral,
por entender que a questão do
aborto está no campo da saúde
pública e dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher.
(LS)
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